Em setembro do ano passado, em pesquisa realizada pelo Ibope, 27% dos brasileiros se declararam petistas. O número é expressivo uma vez que, na mesma pesquisa, 60% dos entrevistados não demonstravam interesse por partido algum. Os demais se dividiam sobretudo entre tucanos e pemedebistas.
Apesar da preferência pelo PT que se consolidou na era Lula e no primeiro mandato da presidente Dilma, as reações ao PT não deixaram de existir neste período e não pouparam sequer o então presidente Lula vaiado cinco vezes em uma mesma noite na abertura dos Jogos Pan-americanos no Maracanã em 2007.
Durante os jogos pan-americanos e agora, apesar de todos os outros motivos citados como a volta da inflação, o ajuste fiscal, o arrocho salarial que se prenuncia e a recessão, as reações negativas ao PT se deram por uma razão principal: a corrupção.
Antes com o mensalão, agora com o petróleo, o PT decididamente foi para a berlinda da pior maneira que poderia existir. Crise econômica, erros administrativos, posições equivocadas podem ter seus efeitos corrigidos com o tempo. A corrupção, porém, é uma marca difícil de apagar.
Isso ficou evidente nas manifestações deste final de semana em todo o país. Pediu-se o impeachment da presidente, Lula foi vaiado, mas as vaias e os gritos de guerra ficaram mais fortes quando o PT foi citado.
A pesquisa do Datafolha, cujo resultado foi divulgado esta terça-feira, demonstra isso. Dos entrevistados, 47% disseram que foram às ruas em protesto contra a corrupção, 27% para pedir o impeachment da presidente, 20% para demonstrar que são contra o PT e 14% para mostrar insatisfação com a classe política.
Num país onde os políticos vêm nos últimos anos sendo apontados como a classe mais rejeitada pela opinião pública o PT conseguiu superar a eles – os políticos – no último domingo em 6 pontos percentuais.
Como os que se posicionaram contra a corrupção e contra a presidente estão culpando o PT junto é lapidar que o Partido dos Trabalhadores não é mais aquele. Embora a maior parte dos que foram às ruas tenham votado na oposição no último pleito também foi expressiva, segundo o Datafolha, a presença de eleitores arrependidos por terem acreditado em Dilma.
Os números demonstram que a revolta contra o PT é maior do que contra a presidente, em particular. Grande parte declarou que acredita que Dilma sabia da corrupção mas quase ninguém acusa a presidente de ter se beneficiado diretamente do esquema. Já em relação ao PT é unânime a constatação de que o partido teve
A prisão de Renato Duque esta segunda-feira e o pedido de abertura de inquérito contra o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto contribuem para a culpa cair cada vez mais sobre os petistas. Líderes do PT pernambucano como Humberto Costa e Tereza Leitão já admitem a necessidade de mudanças no partido diante da nova realidade.
Na verdade, fica patente que, embora Dilma e LuLa estejam arranhados por terem assumido a presidência nos últimos anos, o PT é, no momento, o mais afetado pela onda de indignação e perplexidade que domina a população de norte a sul do país.
* Terezinha Nunes é ex-deputada estadual do PSDB-PE e atual presidente da Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe)