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“Que a Mãos Limpas sirva de exemplo para que não repitamos os erros”, diz Joaquim Francisco

Quais as semelhanças e diferenças entre as operações Mãos Limpas (da Itália) e a Lava Jato (do Brasil)? A italiana influenciou a brasileira, levando seu protagonista principal, o juiz Sérgio Moro, a se dedicar fortemente a um mal que condena os dois países: a corrupção sistêmica.

Ambas as operações revelaram um complexo e bem articulado sistema de corrupção na política e no poder público. Mas a italiana fracassou. Num primeiro momento, baniu partidos envolvidos no esquema. Mas o esforço da Mãos Limpas, quando submetido às urnas, foi vencido pela corrupção que parece ser movida por uma força cultural. O resultado foi à volta à cena política italiana de”velhos partidos novos” e seus representantes.

As reflexões estiveram no centro do debate que o Instituto Teotônio Vilela de Pernambuco realizou nesta quinta-feira (29/06) na sede do PSDB-PE, no Derby, dentro do projeto “ITV Conjuntura”. As palestras foram proferidas pelo presidente do ITV-PE, o ex-governador Joaquim Francisco, e pelo vereador do partido no Recife, PhD em Ciência Política, André Régis.

“O que ocorreu na Itália após a Mãos Limpas? Sua excelência, o eleitor, não se sentiu motivado a eleger pessoas comprometidas com as mudanças profundas. Esse é um alerta objetivo para o Brasil. Nós temos que vetar o mau hábito brasileiro de revisitar os erros do passado. Vamos analisar a crise da democracia representativa e não buscar salvadores da Pátria”, alerta o presidente do ITV-PE, o ex-governador Joaquim Francisco.

Se tem uma frase que na avaliação do ex-governador sintetiza bem o fracasso da Mãos Limpas é a do ex-magistrado italiano Gherardo Colombo, cuja contribuição foi fundamental para as investigações da operação: “Quem acabou com a Mãos Limpas foi o cidadão comum”.

“Ou seja, o resultado de todo aquele esforço quando foi submetido às urnas elegeu Silvio Berlusconi. Por quê? Onde a operação falhou? Que medidas poderiam ter sido tomadas? Que tipo de legislação poderia ter sido adotada? Parte do eleitorado italiano foi para a abstenção, desiludido com a política ao invés de ressaltar a responsabilidade de mudar, e outra parte elegeu pessoas que tinham sido atingidas diretamente pelas Mãos Limpas. Ou seja, o fato de pessoas estarem implicadas na Lava Jato pode acontecer de o eleitor, saturado pelo volume de informações, votar nelas de novo”, avalia o presidente do ITV-PE.

Observa ainda o ex-governador Joaquim Francisco que, diante do ainda elevado nível de corrupção na Itália atualmente, segundo a ONG Transparência Internacional, os políticos daquele país, por outro lado “não foram capazes de usar a janela de oportunidades (Mãos Limpas) porque havia uma cultura complacente com o processo de corrupção”.

“Quais são então as sugestões concretas, à luz da experiência italiana fracassada, para se avançar no combate à corrupção e assim imunizar a democracia brasileira? Nós temos aí um laboratório riquíssimo, extremamente bem intencionado, e outro em andamento (Lava Jato). Que essa semente da Mãos Limpas, cujos investigadores do sistema brasileiro estudaram, sirva de exemplo para que não repitamos os erros. O caminho é o da mudança da cultura brasileira. Se não com possibilidades de resolver a corrupção, porque se trata de uma instituição que está entranhada, ao menos podemos sair da 78ª posição para a 25ª. Já melhora bastante!”.

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