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"Rei morto, rei posto" por Terezinha Nunes

Por Terezinha Nunes

Na mitologia grega, uma das muitas façanhas do herói Teseu teria sido a derrota por ele imposta ao rei de Creta em uma batalha no final da qual todo o povo e a própria rainha esqueceram, de imediato, o amigo derrotado e abraçaram Teseu, colocando-o no trono real.

Deste mito surgiu uma expressão popular – “ rei morto, rei posto” – bastante conhecida e usada costumeiramente para significar a perda de poder político e econômico, quase sempre acompanhada do ostracismo.

Como o poder político é efêmero há inúmeros exemplos de grupos ou de pessoas que experimentaram o apogeu enquanto detentores de mandatos e o esquecimento quando as benesses fugiram de suas mãos.

Após 12 anos de poder no Recife, o PT experimenta neste carnaval de forma mais viva a perda de poder que significou para o partido e seus líderes a derrota na última eleição.

No Baile Municipal, transferido pelo ex prefeito João Paulo para o Chevrolet Hall, não se viu uma alma petista nos camarotes e na comissão julgadora, quase sempre pontuada por figuras de proa da legenda como o senador Humberto Costa e o deputado federal Maurício Rands.

O senador Humberto Costa, por sinal, encontra-se nos Estados Unidos aperfeiçoando o inglês. Maurício Rands, magoado com o tratamento que recebeu na sucessão municipal, até o mandato abandonou e se estabeleceu na Europa como consultor de uma empresa privada.

Quanto a João Paulo, o mais festeiro dos petistas, que andava pelo meio do povo, dançando frevo, e era figura bastante festejada nas prévias, sabe-se agora que aproveitará o carnaval para descansar e se preparar para fazer uma cirurgia de correção da sinusite.

Quando prefeito ou até mesmo na época do seu hoje desafeto João da Costa, João Paulo alimentava por 15 dias o noticiário a respeito da fantasia que usaria no Baile Municipal.

Envergou vestimentas que lhe renderam muitas fotos e páginas de jornais. Vestiu-se de Nelson Mandela, Frei Caneca e até do festejado arcebispo Dom Hélder Câmara. Nem mesmo a pontuada mistura de religião com carnaval sofreu qualquer ressalva. Tudo era festa e João Paulo era o rei da ocasião, festejado, abraçado e reverenciado.

Menos performático, o ex-prefeito João da Costa não usou fantasias mas se notabilizou por vestir no Baile Municipal e em outras prévias camisas feitas por estilistas pernambucanos. Pode-se dizer que também fez escola. O prefeito eleito Geraldo Júlio e o governador Eduardo Campos seguem o mesmo caminho, usando camisas exclusivas para o período momesco.

O carnaval multicultural que os petistas lançaram continua mas eles não estão na linha de frente. Nem mesmo na de trás.

Esta semana, indagado sobre a ausência nos camarotes oficiais no Baile Municipal, o deputado estadual do PT, Sérgio Leite, respondeu na ponta da língua: “ não fui convidado.”

Embora façam parte da base governista os petistas foram esquecidos. Não se sabe até quando.

 

* Artigo da deputada Terezinha Nunes, especial para a coluna três por quatro do Blog de Jamildo

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