Hoje (domingo, 15) tivemos um dia importante na consolidação da nossa jovem democracia. Não é raro ouvirmos que nos países desenvolvidos a população vai às ruas, acompanha a política e cobra dos seus governantes suas obrigações. Parece que amadurecemos como nação, ou, pelo menos, estamos caminhando nesse sentido.
Milhares de brasileiros foram às ruas demonstrar sua insatisfação com o atual governo, com a corrupção e as medidas recentes da presidente, que faz o contrário do que havia prometido à nação poucos meses atrás, quando disputou a eleição.
Os mais radicais governistas tentam culpar a imprensa e partidos de oposição de um movimento supostamente “golpista”. Mera ilusão de quem não compreende os dias atuais e parece insistir em desconsiderar o direito legítimo do cidadão brasileiro de eleger, fiscalizar e até cobrar a saída de governantes.
Dizer que o movimento de hoje foi da Globo, do PSDB ou de quem quer que seja é agredir milhares de brasileiros que não têm partido, não são de oposição, nem do governo, mas são pagadores de impostos. E que se mobilizaram espontaneamente para fazer este ato de cidadania.
Ninguém quer terceiro turno das eleições, nem muito menos desrespeitar a vontade das urnas. Pelo contrário, queremos respeito às urnas e à democracia. A atual presidente foi eleita prometendo uma “pátria educadora”, mas cortou verbas do PRONATEC e FIES; prometeu não mexer nos direitos trabalhistas, mas tirou benefícios de desempregados, viúvas e pensionistas; falou que nunca faria um tarifaço, mas aumentou a luz e combustíveis; além dos casos de corrupção assustadores na Petrobrás. Um verdadeira traição àqueles que nela votaram. Portanto, quem está despeitando as urnas? A presidente ou a população que vai às ruas protestar?
Não necessariamente todos que foram às ruas hoje pedem o impeachment, mas os que pedem, têm o direito legítimo e democrático de fazê-lo, porque o impeachment é uma das regras previstas no jogo democrático. O respeito às urnas consiste em reconheceremos a legitimidade da presidente eleita, mas também do Congresso Nacional, que entre suas atribuições está também decretar o impedimento para a continuação do mandato presidencial, se houver desrespeito à legislação em vigor.
Espero que o governo aprenda com o dia de hoje e não fique atacando quem foi às ruas. Que os escute, mude de postura, pare de proteger os corruptos que desviaram milhões da Petrobrás. Que corte seus milhares cargos comissionados e ministérios para não continuar fazendo o cidadão pagar essa conta. A condução desse processo está com o próprio governo que pode aproveitar esse momento para redirecionar suas políticas equivocadas ou continuar insistindo em decisões contrárias ao interesse nacional, que cedo ou tarde acarretarão o fim desse ciclo do PT no governo.
* Daniel Coelho é deputado federal do PSDB-PE