PSDB – PE

Sabonete, pasta dental e margarina

Considero oportuno tecer alguns comentários a respeito das pesquisas de opinião que foram publicadas nos jornais, ultimamente.
Dirijo-me àqueles pessimistas e pregoeiros do caos que afirmavam que o nosso candidato a Presidente da República, José Serra, do PSDB, quando estava com apenas 7% das intenções de voto, havia empacado que nem burro teimoso e que não sairia do lugar. Agora, José Serra já chega à faixa dos 20% das intenções de voto. É bom quando as pesquisas mostram que o nosso candidato se encontra em posição favorável, crescendo, evoluindo.
Acontece que não podemos esquecer, como exaustivamente tem sido mostrado pelos próprios analistas dos institutos de pesquisa, nas entrelinhas dos comentários de jornais, que algumas ressalvas precisam ser feitas, no que concerne a tais pesquisas. É bom quando o candidato está bem posicionado, mas há alguns fatos, repito, que não podemos esquecer.
Em primeiro lugar, as pesquisas traduzem, única e exclusivamente, a posição do eleitor no momento em que são realizadas. Em segundo lugar, como têm apontado todas essas pesquisas, mais de 50% dos brasileiros ainda não fizeram qualquer indicação em favor deste ou daquele candidato. Em terceiro lugar, não menos importante, a maioria dos eleitores que estão opinando, nesta fase que antecede a votação para valer, são chamados, pelos institutos de pesquisa, de eleitores turistas: ora prometem votar num candidato, ora em outro.
As considerações acima fazem-me recordar algumas palavras proferidas por um ¥marqueteiro¥, homem de comunicação, radicado em São Paulo, Chico Malfitani. Não o conheço, mas certas observações feitas por ele, há algumas semanas, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, impressionaram-me. Disse Chico Malfitani que agora a moda dos marqueteiros é apresentar seu candidato adequadamente, de acordo com a vontade da população. Ou seja, primeiro faz-se uma pesquisa para saber o que o povo quer ouvir e depois veste-se, literalmente, o candidato, segundo as manifestações dos interrogados. O resultado é que, de repente, veremos candidatos bem vestidos, mal vestidos e até nus, alguns. E, na maior parte dos casos, sem revelarem o que pretendem fazer realmente. Ou seja, aparecem semelhantemente a produtos objetos de propaganda televisiva, tais como ¥sabonete¥, ¥pasta dental¥, ¥margarina¥…
A realidade mostra que o eleitor só consolida sua opinião, para valer, nos meses de agosto e setembro, quando são veiculadas propagandas do horário eleitoral na televisão, oportunidade em que os candidatos terão de dizer quem de fato são, de onde vieram, o que pretendem, o que já fizeram, quais seus antecedentes e em que estão baseadas suas propostas. Nessa hora, a emoção vai ficando de lado e a razão vai funcionando. Então, critérios como beleza física e a maneira de se vestir são deixados de lado, até porque, como bem diz o ditado popular, ¥beleza em homem é como habilidade em jumento: não serve para coisa alguma¥, pois nele é colocada a cangalha, às vezes, sem suadouro, do mesmo jeito.
É conveniente, portanto, que nos acautelemos. É bom vermos nossos candidatos bem, nas pesquisas. Todavia, elas refletem apenas um único e determinado momento. A campanha para valer dar-se-á tão somente após as convenções partidárias. E a decisão do eleitor ocorrerá no momento em que forem veiculadas as propagandas eleitorais na televisão, quando os candidatos deixarem claro quem são e a que vieram.

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