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“Saída da Inglaterra da UE é retrocesso e involução”, por Elias Gomes

elias-gomesRetrocesso, involução… São palavras que eu encontro para definir essa decisão infeliz da Inglaterra, do povo britânico, ao resolver em plebiscito (por uma pequena margem de diferença), deixar a União Europeia.

Essa ideia da criação do Mercado Comum Europeu, da Governança Continental, foi o passo mais importante que a Europa deu. No sentido de se tornar um território competitivo e estabelecer um conceito completamente inovador na democracia moderna – a governança coletiva, integrada, articulada -, onde se renuncia àquela autonomia que leva ao isolamento para um tipo de governança que, através da integração, através da colaboração, da renúncia e do sacrifício mútuo, encontra soluções para construir equidade entre os países europeus.

Este modelo é um modelo a ser seguido no mundo moderno. Esta decisão de criação da União Europeia, do Mercado Comum Europeu, foi fruto de muita discussão, de muito amadurecimento dos países envolvidos e representou e representa um fortalecimento importante da força emergente deste novo mercado e deste novo país continente que exige, inclusive, que seja aperfeiçoado, se dando passos adiante, aprimorando este modelo colegiado, coletivo. Inclusive, bem expresso no Parlamento europeu.

Uma forma nova, uma forma criativa, uma forma de superação daquela organização muito segregada de países que fazem parte de um mesmo continente. Ali, você, na verdade, tinha um grande país continental, onde a circulação era livre, onde as oportunidades se davam de forma mais equânime. E isto não foi compreendido pelas velhas gerações. É tanto, que a manifestação da população, em resultado à votação, foi claramente seccionada entre aqueles que têm 50 anos ou mais e os que estão abaixo dessa faixa etária. A juventude de forma prospectiva e de forma inteligente votou majoritariamente pela manutenção da Inglaterra no Euroterritório, na Unidade Europeia. Enquanto os mais idosos, conservadores, por conseguinte, votaram contra. O que denota claramente que esta é uma visão retrógrada, esta é uma visão de passado, é uma visão conservadora que os mais idosos impuseram aos mais novos que têm outra visão, outra perspectiva de vida e de mundo.

Imagina a possibilidade de o inglês, no caso de uma dificuldade de realizar os seus sonhos localmente, poder ir à Alemanha próspera, ir a países em fase de superação da crise, dar a sua contribuição. Reconstruir, ajudar a reconstruir a pujança, contribuir com que esses países possam se desenvolver, como é o caso de Portugal. Imagina a variedade de países de livre circulação. É o fim da burocracia, do passaporte, da exigência da nacionalidade, do espaço amplo, que se renunciou na Inglaterra. Em favor de quê? Em favor de uma visão simplista, de uma visão restrita de país, quando o mundo moderno exige que se repense a organização dos povos, se repense a organização social e organização econômica, e naturalmente, espacial.

O tempo dirá, mas a minha previsão é de que, durante esses dois anos que separam a decisão plebiscitária e a separação efetiva da Inglaterra da Eurozona, haverá de mostrar que essa decisão não foi uma decisão adequada para os novos tempos. Espero que ela possa ser revista.

Aqueles que levantam a voz para um novo plebiscito querem aprofundar essa discussão. E é bom que ela seja aprofundada e que outros países não se deixem levar pelo imediatismo, pelo conservadorismo. Eu digo outros países europeus que integram a Europa unida e que vá nessa onda, como disse, conservadora, e que representa um grande retrocesso.

Esta é uma questão que pode ser aprofundada, que pode ser analisada, inclusive porque quem sai da zona europeia, sai, por exemplo, da possibilidade de dispor do Banco Central Europeu, de dispor das vantagens para o cidadão a que me referi. De ter e de concorrer num ambiente mais amplo e mais diversificado de oportunidade.

*Elias Gomes é prefeito do município de Jaboatão do Guararapes e vice-presidente do PSDB de Pernambuco*

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