Por Elias Gomes,
Por muito tempo eu acreditei que nós, homens, éramos espectadores da história da resistência feminina. Sigo entendendo – hoje ainda melhor – que é delas o lugar de protagonistas.
Nossa função de homens coadjuvantes, no entanto, também requer esforço, luta e comprometimento. Ser homem numa era feminista também é novo. Um desafio que precisa ser diariamente construído. Mãos dadas, ouvidos atentos, humildade e uma boa dose de desapego pra reconhecer os privilégios que sempre tivemos.
Não há o que comemorar em um mundo onde mulheres são espancadas e queimadas vivas por namorados “ciumentos”. Onde mulheres são julgadas depois de brutalmente espancadas em um primeiro encontro. Onde mulheres são estupradas por pais e padrastos durante anos.
O Dia da Mulher, agora, mais do que poesia e celebração , precisa de posicionamento. De homens capazes de entender que essa revolução não é nossa, mas também nos recruta. Nos obriga no respeito das nossas falas, na mudança dos nossos conceitos, na equiparação do nosso tratamento e na solidariedade dos nossos atos.
Nunca seremos feministas porque não é esse nosso espaço. Mas sejamos feminismo nas filhas criadas de maneira igual aos nossos filhos, na responsabilidade de não diminuir, calar ou intimidar uma mulher no ambiente de trabalho, na simples preocupação de prever a bagagem emocional de uma mulher que anda sozinha na rua ou usa transporte público lotado.
Muitos anos de diferença e indiferença já se passaram. Estejamos dispostos a reconhecer que a história precisa, finalmente, fazer justiça. E a justiça tem olhos brilhantes, urgentes e vorazes, exatamente como os olhos de uma menina.
Um abraço carinhoso para todas as mulheres.
*Ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes Elias Gomes