Apesar de o Sistema Único de Saúde (SUS) ter se consolidado como o maior sistema gratuito do mundo, atendendo quase 75% da população do país, a oferta de serviços é desafiada por um quadro crônico de subfinanciamento que pode piorar nos próximos anos. Série especial do jornal Folha de S. Paulo, publicada no sábado (25/08), revela ainda que má avaliação dos serviços e piora dos indicadores epidemiológicos.
Diante de uma projeção de aumento nos gastos, o sistema desperdiça recursos por conta da ineficiência. Relatório do Banco Mundial indica que, nos próximos 12 anos, o SUS poderia economizar R$ 115 bilhões se buscasse mais eficiência na sua rede.
Ao comentar sobre o impacto dos ajustes fiscais e de onde poderiam vir recursos para melhorar as atuais cifras, especialistas apontam que a revisão das renúncias fiscais é uma das possibilidades.
Na avaliação do deputado federal Betinho Gomes (PSDB-PE), a gravidade do cenário da saúde é fruto da “gestão desastrosa” do PT que nunca priorizou uma política que pudesse dar atenção à população que mais precisa. “Precisamos agora melhorar a gestão. Os quadros precisam ser mais competentes, técnicos, pessoas que tenham capacitação e, ao mesmo tempo, melhorar a eficiência do serviço”, afirmou.
De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), hoje, as isenções somam cerca de R$ 283 bilhões, o dobro do orçamento do Ministério da Saúde em 2017, que foi de R$ 124 bilhões. Não são raras as vezes em que essas isenções acabam, inclusive, gerando ainda mais gastos ao sistema de saúde.
O tucano destacou que o governo deve enfrentar de frente a grave crise fiscal pela qual passa o país e que afeta diretamente o financiamento à saúde. “A partir do reequilíbrio das contas públicas, poderemos garantir um atendimento prioritário para o sistema de saúde, com mais recursos, financiamento mais adequado para que os municípios e estados possam ter condição de atendimento mais adequada para suas populações”, disse.
Prioridade
O candidato à Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin, tem como prioridade em seu programa de governo o investimento de recursos no SUS. Segundo ele, é direito de toda a população ter acesso gratuito à saúde.
“Isso é um direito constitucional. Nenhum governo faz favor para o cidadão e cidadã brasileira. Temos, hoje, um problema de financiamento. Vamos melhorar muito a gestão, trabalhar em rede, investir em telemedicina e prontuário eletrônico. Também precisamos e vamos ter que buscar mais recursos. Vamos reduzir em outras áreas para poder investir naquilo que a população mais precisa”, disse.
Betinho Gomes destacou a importância de priorizar a saúde, assim como Alckmin fez em São Paulo. “A população precisa de atendimento de mais qualidade e isso passa por compromisso. O presidente Alckmin fez isso em São Paulo, ampliou a rede de saúde e atendimento especializado. Tenho certeza que ele vai colocar isso como prioridade, até por ser médico, com toda a experiência prática que ele tem. Isso será questão essencial no seu futuro governo”, avaliou.