Pernambuco – O presidente estadual do PSDB de Pernambuco, deputado federal Sérgio Guerra (https://twitter.com/Sergio_Guerra), afirmou categoricamente que não há no partido, em nenhum Estado do Brasil, “um agrupamento sequer que defenda a candidatura do ex-governador José Serra à Presidência da República em 2014”.
Por essa razão, o dirigente acredita que as coisas se resolverão naturalmente no partido, principalmente porque a realização de prévia só se prevê quando há mais de uma candidatura. O que não é o caso do PSDB, segundo Guerra, em entrevista ao programa “CBN Total” da JC/CBN nesta sexta-feira (23). A insistência de Serra em alimentar a possibilidade de prévia só prejudica o PSDB, na avaliação do deputado, e o coloca “numa brutal contramão”.
O presidente do PSDB-PE também comentou a recente resolução da secretaria-geral do partido, no sentido de solicitar uma convergência de posição política entre os diretórios e comissões provisórias municipais e as bancadas de vereadores. Esclareceu Guerra, que a medida não carrega qualquer relação com recomendação partidária sobre a postura do PSDB frente ao governo de Eduardo Campos. Reafirmou, porém, que o partido manterá “uma ação de fiscalização em relação ao governo (como vem exercendo na Assembleia Legislativa) porque não faz parte dele”.
A participação do ex-deputado Pedro Eurico na gestão Eduardo, à frente da secretaria da Criança e Juventude, é fruto de uma escolha pessoal do governador, esclareceu Sérgio Guerra. Veja trechos da entrevista que contou com a mediação do apresentador Aldo Vilela e participação do repórter de política do Jornal do Commercio, José Accioly.CENÁRIO DE 2014
Imaginar qualquer coisa que não seja um cenário mutante é um equívoco profundo. Basta olhar para sete meses atrás e se constata a velocidade e a força das mudanças. É muito provável que o resultado dessas mudanças ainda não sejam conhecidos. A gente tem um movimento poderoso de rua, a população de uma forma geral agiu e reagiu. Agora, os resultados dessa ação sobre a política não são visíveis. Do ponto de vista eleitoral esses movimentos só impactaram dois candidatos: Marina Silva e a presidente Dilma. Uma positivamente e a outra negativamente, nessa ordem. Os demais não sofreram impactos desses episódios. Eles apareceram na queda de popularidade da Dilma e mudaram as intenções de voto da Marina. Basicamente um setor grande da classe “B” foi para as ruas e mudou as estatísticas de pesquisa e mudaram muitos votos especialmente os da Dilma. Uma parcela ficou com Marina e outra com ninguém. Esse movimento mostra que a esperança dos brasileiros de classe média, especialmente essa emergente, está cada vez menos forte. A expectativa de futuro é cada vez menos positiva. A maioria do povo começa a ter dúvidas sobre o amanhã. Já não tem otimismo pra frente. E nesse cenário o Brasil se reorganiza de uma nova forma. As respostas convencionais, do tipo que a Dilma sugeriu, vamos fazer reforma política, ou as que Renan (presidente do Senado, Renan Calheiros) imaginou, e aprovar o projeto A ou B, não vão dar em nada. O descontentamento real da população é com a economia. Principalmente dessa população que emergiu da pobreza e se deslocou para a classe media. Ela está rigorosamente desconfiada do futuro. Os mais jovens, entre 20 e 30 e poucos anos, participam mais e têm mais influência na família. A contribuição dessa classe para a renda da família é cada vez maior e também sobre o pensamento de todos.
AS MANIFESTAÇÕES DE RUA SE SUSTENTAM ATÉ 2014?
Já estamos numa certa calmaria. Isso não quer dizer que elas não voltaram. Se se apresentarem motivos catalisadores a população volta às ruas. A Copa do Mundo, por exemplo, é uma providência nacional. A descoberta de um eventual escândalo de corrupção que comprometa ainda mais as instituições pode colocar o povo novamente na rua arregimentado. Essa população não vai para a próxima eleição como foi para as últimas. Terá que ser diferente.
FORÇA DE LULA
Se se olhar para dois anos atrás, Lula também teve uma perda grande (de popularidade). Sendo que a popularidade de Lula sempre teve respaldo não exatamente nessa classe média,mas na população de mais baixa renda que mudou menos do essa de renda média e essa de nova renda.
OS CAMINHOS DO PSDB
Aécio não sofreu queda de intenção de votos. Logo depois dos comerciais de televisão ele foi para 16%, outras apontaram um percentual de 13% que alguns interpretaram como queda. Na realidade, Aécio está nesse patamar. Esse movimento da grande mobilização brasileira não impactou Aécio, nem Eduardo. Atingiu especialmente a presidente e favoreceu particularmente a Marina Silva. Por ela ser o que todos sabem: a negação da política. Marina tem uma atitude de contestar a política, sua movimentação tem a ver com a nova política. Ela tem uma posição não convencional em matéria de política. E os políticos e governantes de uma maneira geral foram fortemente atingidos por representarem a política e o poder. Mas a Marina ela cresce mais pelo silêncio do que pela palavra. E tem a favor dela uma vida limpa. E a população quer austeridade. Mas não faria previsão sobre a candidatura de Marina. Ela enfrenta muitos problemas convencionais do tipo não tem um partido, portanto não tem tempo de televisão, mas por outro lado ela tem essa característica de negar a política num momento em que a população de uma maneira geral também faz isso. Estimulado por todos: por nós políticos, pelos formadores de opinião pública e pela imprensa. Esse não é um fenômeno brasileiro, é quase internacional, essa desqualificação da ação política num sentido mais amplo.
PRÉVIAS NO PSDB
Fui presidente do PSDB por mais de cinco anos e nunca vi nenhuma dessas lideranças ativas se mobilizar para a realização de prévias. Para ocorrer prévias seguras é preciso ter filiados. O PSDB tem 1,4 milhão de filiados que vêm desde a fundação do partido. Foram feitas por camadas. Em Pernambuco Carlos Wilson fez algumas, Piauhylino também, João Braga, nós filiamos…Mas nunca houve um saneamento para ver se esses filiados são ativos, se estão vivos, se estão convencidos do partido ou mais burocraticamente do que de fato. Para se fazer prévias tem de se ter cadastro, por isso não vejo com muitas chances as prévias. E a razão mais importante: não há duas candidaturas, mas só uma. Para disputa prévias um postulante tem de ter o apoio de pelo menos 30% dos filiados. Serra não tem 3%. Ele é um grande quadro mas está numa brutal contramão que prejudica o PSDB. Todos sabem, ele inclusive, que suas intenções de voto são de 3% (numa eventual prévia). Ele deve ficar no PSDB ajudando. As coisas vão se resolver naturalmente porque não há massa crítica para o Serra ser candidato, não tem apoio nas bases, nos deputados, vereadores, senadores, nas lideranças. Em todos os Estados do Brasil não há um agrupamento que defenda a candidatura do Serra. A não ser para alguns amigos dele de São Paulo que não são tantos.O PSDB NA ELEIÇÃO PROPORCIONAL
Acho que faremos uns quatro federais, três com certeza: eu, Bruno Araújo, Daniel Coelho e provavelmente Guilherme Coelho. Na Assembleia estamos trabalhando para manter os atuais seis, o que já é uma tarefa difícil porque estamos foram do poder nas três esferas de poder, e o poder pesa muito nas eleições principalmente para as de deputado. Essa multiplicação de partidos que temos hoje serão naturalmente diluídos e alguém tem sempre a tentação de se filiar a uma eleição menor para conseguir se eleger. Esse tipo de atratividade, na minha opinião equivocada, cria dificuldades para os grandes partidos tenham condições de fazer grandes bancadas. Há muitas legendas que cresceram em escala nacional como o PP. Um bom exemplo de crescimento de partido às custas dos outros é o PSD do Kassab que nasceu sem voto e tem uma bancada quase do tamanho da nossa. O que acontece nessa época de pouca de convicção.
OS MOVIMENTOS DE EDUARDO CAMPOS
Por enquanto Eduardo espera pelos fatos e só deve se posicionar no início do próximo ano. Por ora ele está governando o tempo com esperteza.
RESOLUÇÃO DA EXECUTIVA PARA OS MUNICÍPIOS
O que houve foi uma iniciativa do secretário-geral do partido para os diretórios municipais para eles organizem suas estruturas com vistas à atuação municipal do partido. Saber da direção dos movimentos de nossas bancadas de vereadores e filiados. Há uma determinação no PSDB de não tratar de campanha majoritária agora. Nós temos uma ação de fiscalização em relação ao governo Eduardo Campos, mas não estamos no governo, não somos da base. Pedro Eurico está no governo na cota pessoal do governador porque é amigo dele e tem qualificação para o cargo que ocupa. Pedro não representa o PSDB no governo. Foi formado no PSB, como também é meu caso, e agora está prestando serviços profissionais ao governo por convite do governador.
AÉCIO PELO PAÍS
Estão previstos alguns eventos com Aécio pelo País. Tanto em Pernambuco quanto nos demais estados do Nordeste, eu defendo que ele ande para verificar as situações econômica e sociais que são relevantes para que ele tenha conhecimento desses problemas, conviva com as dificuldades, e conheça o Brasil real. Não é o momento de sair por aí como candidato. Ele precisa chegar mais perto da realidade do País e vai fazer isso agora. Não no modelo das caravanas que Lula fez, mas viagens despojadas de alguém que deseja conhecer o Brasil e assumir compromisso com ele. Por exemplo, o problema da mobilidade ao meu ver é uma questão central no Brasil de hoje. Vamos fazer um grande seminário em setembro sobre mobilidade urbana. Estamos trazendo especialistas de vários estados, prefeitos, e pelos menos dois especialistas internacionais para discutir um tema que foi subestimado fortemente por isso está irritando o povo, fazendo mal à economia e prejudicando a todos.
A REAÇÃO DAS RUAS
A política de uma forma geral foi atingida por esse processo. Os governantes também que são os políticos no poder. Em todo lugar eles perderam popularidade. A política em geral está muito ruim. Há uma absoluta discordância entre o que fazem os políticos e que afeta e pensa o povo do outro lado. O Congresso Nacional é um belo prodígio de alienação, de desperdício, e uma síntese da grande confusão que prevalece no Brasil de hoje. Precisamos de uma grande mudança no Brasil. Se puder, vote no candidato que você confia que tem muita presteza no que que diz, firmeza no que faz, não faz a propaganda enganosa que é o grande fator de desequilíbrio da vida pública brasileira.
DILMA E A POPULARIDADE
Ela perdeu bastante com a população nas ruas. Quando os movimentos arrefeceram ela ganhou um pouco. Mas não acredito que ele se recupere tanto porque não há mais expectativa econômica favorável. Pela primeira vez as metrópoles brasileiras fecharam vagas de emprego, a expectativa de crescimento é mínima, insuficiente. Aquela popularidade altíssima que a Dilma tinha já era. A população que conta, mais afinada com a opinião pública, não está mais tendo esperança de que a permanência dela possa melhorar a vida. Como tinha há quatro anos quando Lula era o candidato, as taxas econômicas eram outras e a economia tinha outra fluidez. Hoje há uma população completamente endividada, taxas de juros nas alturas, e uma hipertrofia de serviços públicos de péssima qualidade.
VOLTA DE LULA
Não acredito. Acho que a Dilma é a candidata. Não acredito em nenhuma catástrofe. O Brasil não vai melhorar mas também não vai piorar muito. Os brasileiros vão votar no sucessor da Dilma porque ela é uma candidata fraca que pode ser vencida, agora mais do que antes. Mas é preciso que as oposições tenham um discurso e uma prática diferentes e não se dividam demais.
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