Mais de 70% das obras realizadas com recursos do governo federal, fiscalizadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) nos últimos dez anos, apresentam irregularidades. O levantamento, feito pelo jornal O Globo com base nos relatórios do Plano de Fiscalização Anual do TCU de 2007 a 2016, aponta que em 73,9% das obras executadas com verbas federais foram encontrados atrasos, editais direcionados, projetos com defeito, excesso de aditivos e superfaturamento.
Pelos cálculos do tribunal, o preço pago por essas irregularidades soma R$ 20,1 bilhões, desde multas que devem ser pagas à União até ressarcimentos por projetos concluídos com falhas. O período de execução das obras coincide com os governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT. No período analisado pelo O Globo, a taxa de obras com problemas sempre esteve acima da metade, apesar dos recorrentes alertas emitidos pelo TCU.
Desde 2007, 1.725 obras públicas foram analisadas pelo Tribunal de Contas, e em 1.275 delas havia apontamentos. Só este ano, o relatório do Plano de Fiscalização Anual aprovado pelo TCU recomenda a paralisação de dez projetos.
O deputado federal Pedro Vilela (PSDB-AL) observa que os ex-presidentes Lula e Dilma estiveram à frente do governo nesse período, o que torna as gestões petistas responsáveis pelo prejuízo acumulado.
“Durante os governos do PT houve um total aparelhamento do estado, que usava das instituições para beneficiar o partido. É um legado ruim que o governo petista deixa para o Brasil, e que agora cabe aos órgãos competentes averiguar o que aconteceu e fazer totalmente diferente do que era feito. Uma nova prática de governança, de cuidado com o dinheiro público, de eficiência e, sobretudo, de total correção no aspecto ético.”
O alto número de irregularidades preocupa Pedro Vilela, que indica fortes sinais de corrupção nessas obras fiscalizadas pelo TCU. “Nós temos dois problemas aí colocados. Um deles, de graves suspeitas de corrupção, com editais que favoreceriam determinados grupos, sobrepreços, direcionamentos. O outro caso também é de falta de gestão, de cuidado com o dinheiro público, com a eficiência e com o bem fazer das obras.”