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“Temer e seu inexplicável vai e vem”, por Terezinha Nunes

*A deputada estadual Terezinha Nunes é presidente do PSDB Mulher de Pernambuco

 

A sucessão ou superposição de crises que assolam o Brasil – de tão graves repercussões – dão a impressão de que está difícil achar o fundo do poço. Nem mesmo agora quando a economia parece, finalmente, se descolar da política e andar sozinha em busca da recuperação, a crise política dá sinais de arrefecimento e, pelo visto, vai demorar a ser debelada pelo menos antes da eleição do ano que vem.

O curioso é que o maior beneficiário de um arrefecimento das crises, o presidente Michel Temer, teima em aprofundar o fosso em que anda metido, surpreendendo o país com decisões intempestivas, incompreensíveis e injustificáveis, levando sua popularidade a níveis cada vez mais baixos.

Duas delas, as mais danosas à imagem presidencial, foram à decisão de autorizar o uso de uma parte das terras amazônicas para a produção de minérios – causando protestos até internacionais – e, mais recentemente, a de baixar uma portaria, assinada pelo ministro da agricultura, reduzindo as punições aos casos de trabalho escravo.

Nos dois casos, o Palácio do Planalto tentou justificar as medidas como boas para o país, mas, evidentemente, isso não colou.

Na política todos sabem que uma decisão que precisa ser explicada está errada ou foi mal feita, mal pensada ou mal comunicada.

É difícil saber se o Governo tem razão até porque ele mesmo já recuou da primeira providência, desfazendo o que havia decidido sobre a Amazônia e, no caso da segunda, dá-se como certo que também vai recuar diante do verdadeiro clamor que provocou em seu próprio entorno.

A ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, uma negra que lutou com unhas e dentes para conseguir ser aceita como desembargadora no Tribunal de Justiça da Bahia, não deixou por menos. Sem receio de demissão, esbravejou; “a portaria fere, mata, degola e destrói a abolição da escravatura”, referindo-se à Lei Áurea que aboliu a escravidão no Brasil em 1888.

Se no vexame anterior, da decisão sobre a Amazônia, coube a Gisele Bündchen tomar a dianteira dos protestos que redundaram em uma estrondosa vaia ao presidente no Rock in Rio, agora outra mulher assume o protagonismo com uma diferença, costuma despachar com o presidente e também é boa de briga.

No caso do trabalho escravo, nove entre dez analistas afirmam que Temer tomou a decisão para agradar aos ruralistas às vésperas da segunda votação a que se submete no Congresso, correndo o risco de ser afastado caso os parlamentares autorizem a justiça a processá-lo.

Mas, no caso da Amazônia, não havia essa argumentação o que demonstra que o presidente por falta de tino ou de assessoramento costuma dar tiros no pé.

Só assim pode-se admitir que, com a popularidade ladeira abaixo, alguém venha a tomar medidas tão complexas e inexplicáveis para recuar depois que o estrago já estiver feito.

Está claro que Temer tem dito e repetido que não está dando bolas à popularidade e nem pensa em se candidatar à reeleição, mas a não ser que seja masoquista, é difícil compreender sua clara vocação para tornar as coisas ainda piores para ele próprio.

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