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“Tempo mudou mas tem político que desconhece”, por Terezinha Nunes

terezinha-nunes-psdb-pe-300x200Desde que foi às ruas em 2014 para protestar do descaso do governo com a prestação de serviços públicos à população e o excesso de gastos com a Copa do Mundo, o povo brasileiro aprendeu a reivindicar e a mostrar sua força de mobilização.

Conseguiu com isso amedrontar a classe política, dando apoio total à Operação Lava Jato e ao impeachment da presidente Dilma, além de passar a manifestar indignação pelas redes sociais diante dos malfeitos dos administradores públicos de qualquer natureza.

Na semana passada, porém, ficou claro que os prefeitos ainda não entenderam suficientemente o recado, tendo muitos deles (houve exceções e muitas sobretudo na Região Metropolitana) contratado bandas caríssimas para animar os festejos juninos, como se vivêssemos no país das maravilhas, sem inflação, sem desemprego e com muito dinheiro no bolso.

O maior problema, como se viu, ocorreu em Caruaru onde o cantor Wesley Safadão foi contratado pela Prefeitura por meio milhão de reais para cantar duas horas. Além da falta de desconfiômetro de pagar um cachê tão alto, pior foi descobrir que o mesmo cantor se apresentaria em Campina Grande por um valor duas a três vezes inferior.

Se Safadão cantou em Caruaru há um ano por um cachê infinitamente menor e considerando a crise desde então, como se explica que, ao invés de baixar, como tem acontecido rotineiramente com cachês de outros artistas também famosos, o cantor fez foi inflacionar o seu preço?

Se ele já tivesse passado pelo vexame de ver nacionalmente o desgaste que enfrentou por causa disso, com a indignação se espalhando pelo país, certamente que já teria buscado se adequar aos novos tempos, o que vai ser obrigado a fazer agora que o leite já foi derramado e a vaca já foi pro brejo.

Mas o artista tem seu preço, paga ele quem quer. O problema foi tentar entender como após tudo que tem acontecido no país com a imagem dos políticos em geral ameaçando chegar ao chão, um administrador público continua a agir como se nada tivesse acontecido.

Deu no que deu. Safadão teve o show suspenso, o São João de Caruaru se desgastou com uma notícia ruim em plena festa, a apresentação do cantor acabou ocorrendo por força de liminar e ele próprio foi obrigado, de público, a tentar se entender com os fãs decidindo doar o cachê a entidades beneficentes.

Teve mais tino do que quem teve a idéia de contratá-lo. Experimentou o desgaste momentâneo mas a doação vai reduzir o tamanho do problema.

O episódio Safadão mostrou em primeiro lugar que a população está disposta a ir à luta para tentar consertar o país e que a ficha ainda não caiu suficientemente na cabeça dos administradores públicos.

Acontece que desde as manifestações de 2014 o país é outro. Só não vê quem não quer.

E Caruaru não precisa de tanto exagero para fazer uma festa bonita. Depois que ficou apostando em shows abandonou o belo desfile de quadrilhas que encantava os turistas, deixou de lado o forró pé-de-serra e foi se afastando da tradição.

A vingança, porém, veio a galope. O povo brasileiro premiou um dia depois do show de Safadão a banda pé-de-serra Fulô de Mandacaru, da mesma Caruaru, e que só canta forró autêntico, dando-lhe o primeiro lugar no Superstar, da Globo, derrotando no voto todas as bandas de rock presentes na competição.

Mais claro, impossível.

*Terezinha Nunes é presidente estadual do PSDB Mulher-PE e membro da Executiva Nacional do PSDB*

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