De Brasília
A poucos dias de prestar depoimento ao juiz Sérgio Moro como acusado na Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou a abertura da etapa paulista do Congresso do PT para atacar as investidas da força-tarefa da operação.
O petista disse que, se eleito presidente mais uma vez, poderia mandar prender quem dissemina o que chamou de “mentiras” contra ele. A declaração causou indignação entre os investigadores, e a Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR) emitiu uma nota na qual classificou o discurso como uma “ameaça”.
Os procuradores afirmaram ainda que tal declaração não é digna de quem foi, por oito anos, presidente da República.
O deputado federal Miguel Haddad (PSDB-SP) lamenta que Lula insista em desqualificar o trabalho da Justiça.
“O ex-presidente Lula tenta desqualificar a Operação Lava Jato e todas as pessoas que fazem oposição a ele. Ele tenta diminuir, faz considerações jocosas, ironias. Indiscutivelmente, essa não é a atitude de um ex-presidente. De qualquer jeito, é o estilo do PT.”
A Associação também contestou o argumento do ex-presidente de que há “uma conspiração universal contra ele”, e assegurou que Lula não vai deter a “marcha serena da Justiça”. Miguel Haddad apoia a postura dos procuradores e defende a preservação da Lava Jato.
“O que causa maior espanto é que, em uma operação tão importante, que está passando a limpo o Brasil, ele faça essas considerações. Isso traz, naturalmente, o sentimento de revolta na população, que encontra na Lava Jato uma medida de Justiça. Nós temos que preservar a Operação Lava Jato, e o que o ex-presidente Lula faz nesse momento é o inverso.”
Lula é réu em cinco ações penais, que relatam obstrução da Justiça, corrupção e lavagem de dinheiro, tráfico de influência internacional e formação de quadrilha. O ex-diretor de serviços da Petrobras, Renato Duque, disse em depoimento que Lula tinha conhecimento dos esquemas de propina na construção de estaleiros.