A ida de um ex-tesoureiro do PT para a Secretaria de Comunicação da Presidência é um exemplo estridente do isolamento de Dilma Rousseff, enclausurada no PT,sem saída.
É duplamente dramático, porque Dilma está fraca, o PT está fraco e um puxa o outro ainda mais para baixo.
Típico abraço de afogados, com uma amarga ironia: a única boia à vista é a receita Joaquim Levy– que significa o oposto do que Dilma e o PT pregavam.
Essa nomeação significa que Dilma não está entendendo nada e/ou não dá a menor bola para a opinião pública, cada vez mais irritada com escândalos sem fim.
Nada contra a pessoa do afável Edinho Silva, mas a expressão “tesoureiro do PT” remete a Delúbio Soares, preso no mensalão, e a João Vaccari Neto, ainda no cargo e réu na Lava Jato. E o que se projeta para a Secom?
O temor é de manipulação das verbas oficiais de publicidade, que deveriam ser de governo, mas tendem a ser cada vez mais de um partido.
Lula, Dilma e o PT sempre culpam a mídia pelas próprias desgraças e, tomara que não, mas podem querer dar uma de Nicolás Maduro na Venezuela e de Cristina Kirchner na Argentina, usando dinheiro público para chantagear empresas de comunicação.
* Íntegra da coluna de Eliane Cantanhêde no Estadão (29/03) para assinantes