Para quem está há dez anos longe do poder federal, o PSDB obteve nestas eleições municipais um excelente resultado. O partido avançou muito nas capitais, retomou seu ímpeto nas regiões Norte e Nordeste e demonstrou que acumula forças para contrapor-se ao projeto hegemônico que o PT busca levar adiante.
Neste domingo, o PSDB venceu na maioria das cidades onde concorreu no segundo round das eleições. Foram nove triunfos em 17 disputas, sendo três delas em importantes capitais: Manaus, Belém, Teresina, Pelotas (RS), Blumenau (SC), Campina Grande (PB), Franca, Taubaté e Sorocaba (SP).
No cômputo geral de mais uma eleição para as prefeituras brasileiras, o PSDB terminou com 702 municípios governados, onde vivem 18,3 milhões de eleitores. São 700 mil eleitores a mais do que em 2008.
No primeiro turno, o PSDB recebera 13,94 milhões de votos e ontem foram 5,64 milhões, num desempenho só inferior ao dos petistas. Em 7 de outubro, os tucanos também já haviam eleito 5.250 vereadores, só abaixo do PMDB.
No grupo das 85 cidades com mais de 200 mil eleitores, o PSDB agora tem 15 cidades sob sua gestão, das quais quatro são capitais: as três conquistadas ontem mais Maceió. As demais deste porte são Betim (MG), Piracicaba (SP), Santos (SP), Ananindeua (PA) e Jaboatão dos Guararapes (PE), com vitórias em primeiro turno. Trata-se de avanço significativo em relação a 2008, quando o partido conquistara nove prefeituras deste grupo e apenas uma capital, Curitiba.
Completando o quadro com as vitórias já consolidadas no início do mês, nas médias cidades (75 mil a 200 mil eleitores) o número de prefeituras do PSDB subiu de 24 em 2008 para 29 agora; nas pequenas (de 15 mil a 75 mil eleitores), passou de 217 para 176 e nas menores localidades, de 537 para 482.
Ontem, o partido pôde comemorar a importante vitória do ex-senador Arthur Virgílio para a prefeitura de Manaus. De nada adiantou o empenho direto da presidente da República e a ira de Lula: o tucano obteve o dobro de sufrágios de sua adversária, com 65,95% dos votos válidos, num triunfo histórico.
Em Belém, Zenaldo Coutinho consolidou a supremacia tucana no Pará, onde o PSDB já tem o governador Simão Jatene e os senadores Flexa Ribeiro e Mário Couto. Depois de ter terminado o primeiro turno em segundo lugar, o deputado em quarto mandato recebeu ontem 56,61% dos votos válidos.
Já Teresina terá novamente Firmino Filho como prefeito, que ocupará o cargo pela terceira vez, depois de um interregno de oito anos. Ele foi eleito ontem com 51,54% dos votos válidos, derrotando o atual prefeito.
Às vitórias tucanas soma-se o bom desempenho de outros partidos de oposição ao governo Dilma Rousseff, contra toda a força da máquina federal. DEM (Salvador e Aracaju) e PPS (Vitória) conquistaram mais três das 26 capitais brasileiras. O PSOL, também na oposição à gestão federal, elegeu o prefeito de Macapá. Ou seja, somam oito os bastiões oposicionistas.
No cômputo geral, a eleição resultou numa fragmentação jamais vista nos municípios. As 26 capitais serão governadas por 11 diferentes legendas nos próximos quatro anos. Quando se amplia a análise para os 85 maiores municípios com mais de 200 mil eleitores, 16 partidos dividirão o poder.
O maior triunfo do partido de Lula e Dilma foi a vitória em São Paulo. Sem ela, poder-se-ia dizer que o PT saíra das eleições por baixo. O êxito na maior cidade do país deu aos petistas um contrapeso a fragorosas derrotas, como as de Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Salvador e Campinas. Cabe lembrar que, das 17 cidades em que o ex-presidente envolveu-se, em nove ele saiu derrotado.
A força que a oposição demonstrou nestas eleições municipais permite ao PSDB, ao DEM, ao PPS e até mesmo ao PSOL sustentarem, sem pestanejar, que contam com apoio decidido da população brasileira para continuar a serem polos antagônicos ao projeto de poder do PT. O partido dos mensaleiros sempre sonhou em ser hegemônico, mas, cada vez mais, viu este seu delírio distanciar-se. Para o bem da democracia.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela