
Após cinco meses de manobras, idas e vindas e muito bate-boca, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sofre derrota no Conselho de Ética que, nesta terça-feira (01/03), aprovou parecer prévio pela continuidade do processo por quebra de decoro parlamentar.
O PSDB sempre manteve postura favorável à medida através de seus representantes no Conselho, os deputados federais Betinho Gomes (PSDB-PE) e Nelson Marchezan Jr. (PSDB-RS).
Em entrevista a rádio CBN Recife, nesta quarta (02/03), Betinho Gomes comemorou o resultado. Embora aprovado por um placar apertado de 11 a 10, e mesmo com a retirada do trecho que citava a possibilidade de perda de mandato por recebimento de vantagens indevidas, o tucano disse que “valeu a pena a luta que travamos”.
“Conquistamos uma vitória importante. Embora ainda tenhamos um processo longo pela frente, mas admitir o processo era uma etapa fundamental para que a gente possa fazer o juízo sobre Eduardo Cunha e elaborar um relatório que será levado ao plenário. E hoje, se o STF torná-lo réu, Cunha se fragilizará ainda mais. Vai chegar o momento em que a autoridade dele será corroída e isso deve influenciar o andamento do processo no Conselho de Ética até o plenário”, acredita o tucano.
Betinho Gomes acredita que a retirada do item sobre o recebimento de vantagem indevida ainda pode ser revista no decorrer da discussão. O fudamental, ao seu ver, era avançar na admissibilidade do processo. “Eu tenho crença de que esse resultado, embora apertado, permite que a população amplifique a pressão ao Conselho de Ética e, com isso, a gente consiga fazer o julgamento. A Câmara precisa decidir se vai conviver com esse tipo de deputado que mente, que omite seu patrimônio, que se beneficia de recursos escusos em detrimento do que a sociedade quer que é transparência, ética e a representação de qualidade”.
A partir de agora, Eduardo Cunha terá 10 dias úteis para apresentar a defesa. A previsão estimada, segundo Betinho, é que todo o processo seja cumprido até 30 de maio. “Acredito que agora a pressão será maior e é possível que os próprios aliados de Eduardo Cunha sintam essa pressão. O grande medo de Cunha é que esse processo chegue ao plenário porque ele sabe que, inevitavelmente, será cassado. É um processo com voto aberto, a população acompanhando, e hoje ele é um dos políticos mais rejeitados do país”, avaliou.