A campanha eleitoral e o debate franco poderão fazer se esvair as intenções de votos nos que propõem soluções miraculosas, receitas fracassadas ou engodos salvacionistas
À medida que se aproxima a data-limite para que possíveis candidatos no exercício do mandato deixem os cargos que ocupam, a corrida eleitoral vai ganhando maior nitidez. Ainda restam mais de seis meses para a votação que escolherá o futuro presidente da República, mas as virtudes necessárias para vencer os desafios que se apresentam ao país estão cada vez mais claras.
As candidaturas que hoje exibem melhor desempenho nas pesquisas de opinião estão situadas onde, aparentemente, o eleitorado menos almeja: nos extremos. A campanha eleitoral e o debate franco das ideias poderão ter o condão de fazer se esvair as intenções de votos naqueles que propõem soluções miraculosas, receitas fracassadas ou engodos salvacionistas ao país.
A tarefa de iluminar o debate, e ditar o rumo do eleitorado, cabe aos candidatos do centro político nacional. Alguns bons ingredientes para tanto surgiram de duas entrevistas de dois agentes importantes deste processo neste ano, publicadas nos últimos dias: o governador Geraldo Alckmin e o formulador de seu programa de governo, o economista Pérsio Arida.
À Folha de S.Paulo, o tucano exibiu o perfil conciliador, o realismo na gestão da coisa pública, a sensibilidade com as mazelas sociais e com a igualdade de oportunidades, a disposição para reformar o Estado. Tem também os ótimos resultados dos 20 anos de gestões do PSDB em São Paulo para mostrar. Do ponto de vista partidário, tem a seu favor ter equacionado um importante palanque em Minas Gerais e superado as prévias para a candidatura ao governo de São Paulo.
Talvez a candidatura tucana precise atentar um pouco mais para o que o petismo ainda representará nestas eleições. Não se pode declinar de desmascarar a todo o momento os partidários dos governos que levaram o país à ruína, uma vez que o papel dos adversários será tentar distorcer a história para sustentar justamente o contrário. O eleitorado precisa ser lembrado: quem quebrou o Brasil foi o PT!
É na pauta econômica que a mudança de agenda do país precisará ficar mais evidente. E parece ser esta a disposição demonstrada por Arida. Em entrevista dada a\’O Estado de S. Paulo, aparecem sem rodeios a defesa da redução do Estado, a abertura externa, a maior participação do capital privado nas necessárias obras de infraestrutura e a preocupação inarredável com o equilíbrio das contas públicas.
Em certa medida, a pauta tucana de agora dá sequência a um encontro com as tradições e plataformas tucanas históricas levado adiante pela candidatura presidencial do PSDB em 2014. Mas a maior gravidade da situação nacional, após uma das mais profundas e prolongadas recessões da nossa história, torna a necessidade de uma profilaxia econômica liberal ainda mais evidente e as virtudes do centro político ainda mais notáveis.