Salvador (BA) – Em Salvador (BA), o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva nesta segunda-feira (12) e respondeu a perguntas sobre o mensalão, pesquisas de opinião, a atuação do governo federal e eleições 2014. A seguir, a entrevista.
Sobre notícia de utilização de recursos do fundo partidário para pagamento de advogados dos condenados no Mensalão.
A princípio, nos parece algo ilegal, que não atende ao que especifica a legislação partidária sobre os destinos do fundo partidário. Cabe, se confirmado isso, a justiça se manifestar, em especial a justiça eleitoral. O departamento jurídico do PSDB está acompanhando isso em Brasília, não estive lá hoje ainda, mas acho que, de alguma forma, é mais uma demonstração do pouco compromisso que alguns partidos políticos têm com respeito à legislação. Aliás, no PT, isso tem sido uma praxe. A utilização de convocação de cadeia de rádio e televisão para objetivos partidários, essa dificuldade permanente em discernir, separar, o que é público daquilo que é privado e partidário tem sido uma marca dessa administração. Vamos aguardar que o nosso departamento jurídico analise se há alguma medida possível de ser tomada.
Sobre crescimento em pesquisas de intenção de voto.
É claro que quando você cresce nas pesquisas você acha melhor do quando você cai. Mas o que para mim é mais relevante nesse momento é o sentimento de mudança que aumenta a cada pesquisa. Mais de 70%, nessa última, 74% da população, diz que quer mudanças, e mudanças profundas. Quem tiver a capacidade de encarnar, de expressar esse sentimento de mudança de forma mais adequada, tem uma enorme chance de vencer as eleições. Esse é o nosso desafio. O que o PSDB e os nossos aliados temos feito é apresentar ao Brasil um projeto alternativo a esse que está aí. Onde haja ética na condução dos recursos públicos, onde haja planejamento e, portanto, eficiência nas ações de governo. Cada vez mais que os candidatos de oposição vierem se expondo e sendo conhecidos pela sociedade, acho que a tendência é de crescimento. Tenho cada vez mais convencimento de que teremos o segundo turno nessas eleições e que o PSDB estará no segundo turno, o que é muito bom para o Brasil.
Sobre os erros do governo federal.
Acho que é o conjunto da obra. Eles falharam na economia, porque nos legarão um crescimento pífio, o menor entre todos os países da América do Sul na última década, com inflação alta voltando a crescer e uma perda crescente da credibilidade do Brasil, o que afeta investimentos e, obviamente geração, de renda e emprego no Brasil. Falharam na gestão do país. O Brasil é um cemitério de obras inacabadas, os mesmos desafios de 10 anos atrás são os desafios de hoje, obras com sobrepreço por todo lado e com inúmeras denúncias de desvios.
Por outro lado, no campo social, que foi sempre uma grande bandeira desse governo, também fracassaram. Recentemente uma enquete internacional, uma avaliação internacional entre 77 países, coloca o Brasil 75° lugar em qualidade de educação. Portanto, no final da fila. Na saúde, a omissão do governo federal é crescente e a saúde é cada vez uma tragédia maior na vida dos brasileiros mais pobres.
O governo do PT vem diminuindo a sua participação ano a ano no conjunto do financiamento da saúde pública do Brasil. Eram 54% quando o PT assumiu, hoje são 45%. É uma responsabilidade também do governo federal a calamidade da saúde pública. E na segurança nem se fala. Aí a omissão do governo federal é criminosa, porque o governo federal tem a responsabilidade de cuidar das nossas fronteiras, de coibir o tráfico de armas e o tráfico de drogas, e a participação da União é de apenas 13%. 87% de tudo que se gasta em segurança pública são de estados e municípios.
Então, o conjunto da obra, permeado por um baixíssimo padrão ético, a meu ver, é o que tem feito com que haja um cansaço crescente na sociedade brasileira em relação a tudo isso que está aí.
Mas, para nós, não é suficiente que apenas haja esse cansaço em relação ao final de ciclo, que percebemos claramente em relação a esse governo. É preciso que nós nos apresentemos como aqueles que têm condições de resgatar as conquistas que nos trouxeram até aqui, entre elas a estabilidade da moeda, com tolerância zero com a inflação, e construir uma agenda. Uma agenda de parceiras com o setor privado, uma agenda que permita uma reintrodução das empresas brasileiras nas cadeiras globais, uma aproximação com países que tenham contrapartida a dar ao Brasil, e não esse alinhamento ideológico que poucos benefícios tem trazido ao Brasil. Então, é necessário o início de um novo ciclo e acho que o PSDB e os nossos aliados temos todas as condições, pela nossa experiência, pelo que representamos, de sermos essa mudança segura que o Brasil espera e que o Brasil almeja.
Sobre o ex-governador Eduardo Campos também ter cumprido agenda na Bahia nesta segunda-feira.
É a força da Bahia, não é? Todos os candidatos têm que vir à Bahia muitas vezes. Eu estarei na Bahia inúmeras vezes, para construir o nosso projeto de governo e, obviamente, discutirmos com a população do quarto maior colégio eleitoral do Brasil propostas para o futuro. Os outros candidatos têm que fazer o mesmo e é bom que o façam. Na verdade, temos um propósito, que é substituir o atual governo que aí está. E nada vai nos tirar dessa direção. Vamos continuar respeitando as outras candidaturas, elas são importantes. Até porque o PSDB, ao contrário do PT, desde o início estimulou que outras candidaturas pudessem estar no jogo político. Isso oxigena o debate. Acho isso tudo muito positivo. Quem está em uma disputa como esta não tem de temer adversários, tem de respeitá-los e acreditar nas suas (próprias) propostas. Cada vez mais acredito na possibilidade de irmos para o segundo turno e vencermos as eleições.
Baianeiro
Baianeiro é uma mistura de baiano com mineiro. É um sujeito de bem com a vida, trabalhador. Meu pai era baianeiro, gostava muito de ser chamado de baianeiro. Ele é de Teófilo Otoni, de uma região muito próxima à fronteira com a Bahia. Acho que o baianeiro é uma expressão muito bem acabada do que é o brasileiro. Nunca buscaram hegemonia, nem o baiano, nem o mineiro. A hegemonia do que quer que fosse, sempre foram brasileiros na essência maior do que isso representa. Sempre atuaram nos momentos decisivos para que o Brasil se fortalecesse, fosse na independência, a partir dos movimentos de insurreição que ocorreram em Minas e na Bahia, e, agora, na construção da democracia. Em alguns momentos importantes da história a Bahia e Minas estiveram juntos. E vejo com muita alegria a possibilidade de estarmos juntos de novo querendo sempre o bem do Brasil, não apenas dos baianos e dos mineiros.