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Analistas já projetam inflação encostada no teto da meta: 6,47%

15 de abril de 2014
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Dinheiro-Foto-Divulgacao1-300x199O boletim semanal Focus, feito pelo Banco Central (BC) a partir de pesquisa com analistas de instituições financeiras, apontou, pela sexta semana consecutiva, expectativa de alta da inflação, que agora está muito próxima do limite máximo da meta. Segundo o levantamento, divulgado nesta segunda-feira, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrará o ano em 6,47%. O teto da meta é 6,5%. A previsão anterior, de 6,35%, foi revisada após o IBGE divulgar que a inflação foi de 0,92% no mês passado.

Com a pressão sobre os preços, economistas ouvidos pelo Globo consideraram que a saída é uma consequência de alta de juros. No Focus, os economistas esperam pelo menos mais um aumento de 0,25 ponto percentual na reunião de maio do Comitê de Política Monetária (Copom).

“O Banco Central está numa sinuca de bico: já fez várias altas dos juros e quer parar de subir para ver os efeitos, mas parar pode ser um sinal de desistência, já que o nível de juros hoje não está sendo suficiente para combater a inflação”, observou o economista-chefe da corretora INVX Global Partners, Eduardo Velho.

De acordo com o economista, o BC já percebeu que a elevação dos juros não tem sido eficiente para conter a inflação de curto prazo no Brasil. Além disso, a “surpresa inflacionária” de março contaminará os dados do segundo trimestre.

“A esperança é que a queda dos preços dos alimentos por causa da safra seja suficiente para tirar pressão da inflação, mas o BC já está preparando terreno para dados piores”, disse Velho, recordando a entrevista dada pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, ao diário de negócios “Wall Street Journal”.  “Ele praticamente disse que se a inflação de 2014 for maior que a do ano anterior não tem problema, o problema é ficar acima do teto da meta.”

Projeção de crescimento passa a 1,65%

O principal problema do BC é ancorar as expectativas. A comunicação da autoridade monetária não tem sido eficaz há tempos. As projeções para o ano que vem já estão em 6%. Há instituições ainda mais pessimistas porque acreditam que o próximo governo — qualquer que seja ele — não terá escapatória e acabará elevando tarifas e gasolina. A resposta a tudo isso ainda é uma sequência de alta de juros.

“Mais uma vez os dados correntes de inflação sugerem que o BC não terá muita opção a não ser subir mais uma vez, de maneira homeopática, os juros na reunião do final de maio”, afirmou em comunicado o economista-chefe da corretora Gradual, André Perfeito. “Vemos esse processo como um choque, no caso de alimentos, mas, levando-se em conta a complexidade envolta nas outras duas variáveis (câmbio e gasolina), acreditamos que o BC não terá muitas opções na mesa”.

Para o diretor de Pesquisa e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, as atenções dos economistas estarão voltadas para a divulgação do resultado do IPCA-15 de abril, na próxima quinta-feira, por causa da surpresa recente. Ele aposta em outro número ruim: alta de 0,85%, um reflexo da elevação dos grupos alimentação, saúde e vestuário.

Em relação ao crescimento econômico para este ano, a mediana das projeções da pesquisa do BC com as instituições financeiras subiu levemente para 1,65%, contra a expectativa de 1,63% apurada na semana passada. Para o ano que vem, a previsão permanece em 2%, a mesma apontada há sete semanas consecutivas.

*Publicado no jornal O Globo – 15-04-14

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