Pelo décimo mês consecutivo, os brasileiros sacaram mais recursos do que depositaram na caderneta de poupança. Somente em outubro, as retiradas superaram os aportes em R$ 2,7 bilhões. Segundo especialistas, a sangria na aplicação mais popular do país deve continuar mesmo com a queda da taxa básica de juros (Selic), que torna os fundos de renda fixo menos atraentes e estimula o investidor a buscar a segurança da poupança. A situação só deve mudar, dizem quando o país voltar a crescer e gerar empregos.
Desde o início do ano, o brasileiro tem recorrido às economias para complementar a renda ou driblar o desemprego. Por isso, nos dez primeiros meses de 2016, os saques foram R$ 53,3 bilhões maiores que todos os depósitos. Mas isso já representa uma desaceleração frente ao mesmo período de 2015, quando as retiradas superaram as aplicações em R$ 57,1 bilhões. Miguel Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac), não vê, no entanto, uma reversão imediata do quadro.
“A história continua e esse quadro deve permanecer”, afirma Oliveira, e complementa que a queda da taxa de juros deve amenizar as saídas da poupança, mas o quadro deve permanecer nos próximos meses.
Maria Clara, engenheira, atualmente esta desempregada e destaca que o dinheiro que tem em conta poupança é útil para sobreviver nesse período de crise. “Sempre pensei no dia de amanhã, e desde que comecei a trabalhar guardei dinheiro para imprevistos. E agora mais do que nunca está me servindo”, comenta a engenheira.