Em nossas andanças pelo Brasil ao longo dos últimos anos, conhecendo periferias, quilombos e diversos tipos de comunidades pude constatar que não faltam pessoas com espírito de liderança nesta terra.
São muitos os indivíduos que espontaneamente são capazes de liderar um grupo de pessoas para atingir determinado objetivo. Um famoso escritor, chamado James C. Hunter, enfatizava que liderar é servir. É identificar as legítimas necessidades – não necessariamente os desejos e vontades – das pessoas e procurar saciá-las. Não há um local mais adequado para que essa liderança seja manifestada do que na política.
No entanto, essas pessoas que representam os interesses das pessoas mais simples do nosso país – em sua maioria negra – não estão na política. A maior parte dos representantes são homens e brancos. Nas eleições em 2014, a cada quatro eleitos, três se declaravam brancos.
Entre os 513 deputados que compõem o congresso, 81 se disseram pardos e outros 22 negros. Os outros 410 deputados são brancos. Essa disparidade é o reflexo da desigualdade racial do Brasil, onde os negros ainda não disputam o mesmo espaço que os brancos.
A democracia se tornará mais forte na medida em que toda população brasileira estiver de fato representada pelos seus políticos. Ninguém melhor para entender o que o jovem negro precisa, do que aquele que já foi um jovem negro. Ninguém melhor para buscar igualdade entre salários entre negros e não negros, do que aquele que viveu essa dificuldade na pele.
Ninguém melhor para criar políticas inclusivas nas periferias, do que aquele que viu de perto como o caminho de jovens pode ser destruído pela falta de oportunidades nesses locais.
A pluralidade de ideias, de experiências de vida e de culturas enriquecerá o espaço político. Novos líderes precisam encontrar na política o impulso que precisam para implementar importantes projetos que melhorem de fato a vida de seus semelhantes. Sempre com o mesmo perfil de políticos, os mesmos interesses serão privilegiados.
Com o nosso trabalho do Tucanafro, felizmente já estamos percebendo um avanço no interesse pela política e uma maior participação dos negros nos diretórios do PSDB em todo o país. Nestas eleições, teremos 2.376 candidatos a vereador, 35 a vice-prefeito, e 26 a prefeito, todos negros.
É a hora do desejo de mudança ser refletido nas urnas, com novos candidatos, e com mais diversidade no poder, com mais negros e mulheres ocupando o espaço público. A democracia torna-se mais forte, e a política torna-se ainda mais nobre com todos os interesses do povo sendo representados.
Fonte: Portal do Tucanafro