Por Eduardo Amorim, senador da República de Sergipe
Quando se fala em dor, pensamos primeiramente na dor física. A dor de cabeça, a dor no estômago, a dor do Câncer, mas existe uma dor maior do que todas essas, é a dor social. A dor do abandono, da má gestão, do descaso com a população. Recentemente, durante o 1º Congresso Sergipe Multidisciplinar da Dor, pude conversar com médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos e estudantes da área da Saúde sobre este tipo de dor.
Quando médico, vi uma criança reclamando de fortes dores e no hospital público não tinha um analgésico sequer. Questionei-me quem era responsável por aquilo já que existiam diretor, secretário e governador do Estado e nenhum remédio. A dor social provocada pelo abandono da gestão pública é a pior. A expressão da dor varia não somente de um indivíduo para outro, mas também de acordo com as diferentes culturas. Isto vale para dor física e para dor social.
Para se ter uma ideia da dor social, no Brasil, o analfabetismo atinge 13 milhões de pessoas acima de 15 anos. Já em Sergipe, 273 mil pessoas não sabem ler, nem escrever. Outra grande “dor” é a enorme dificuldade para tornar realidade o Plano Nacional de Educação. Das 20 metas previstas no Plano, nenhuma foi cumprida integralmente, nem mesmo as previstas para 2016. Ignorar o Plano Nacional de Ensino significa impedir que as novas gerações possam desenvolver todo seu potencial.
Sabemos que a Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas. Mas o nosso País sofre com o uma saúde pública extremamente deficiente. O Brasil perdeu 23.565 leitos do SUS em cinco anos, Sergipe perdeu quase mil leitos. Pacientes são atendidos em macas e cadeiras nos corredores dos hospitais; faltam remédios, péssimas condições de trabalho, equipamentos quebrados, milhares de pessoas aguardando atendimento. Além disso, o INCA estimou para 2016, a ocorrência de mais de 596 mil casos de câncer.
Enquanto isto, em Sergipe, embora já tenham sido destinados quase R$ 200 milhões em emendas para o Hospital do Câncer, este não saiu do papel. Já foram perdidos mais de R$ 147 milhões por falta de comprometimento do Governo do Estado com a saúde. Vejam o tamanho da dor social causada pela péssima gestão. Outro ponto crucial de uma administração é a Segurança Pública e a dor causada pelas inúmeras falhas com ela é enorme. Em todo o Brasil, temos 60 mil mortes violentas intencionais por ano e Sergipe é o 1º em número de homicídios.
Das 50 cidades mais violentas do mundo, 19 são municípios brasileiros. Aracaju é a 12º cidade mais violenta do mundo e a 3º mais violenta do País. Além disso, temos 40 mil mortes no trânsito em todo o território nacional anualmente. Algumas pessoas poderiam dizer que as políticas públicas de Educação, Saúde e Segurança não são aplicadas a contento por causa da falta de dinheiro. Mas isto não é verdade.
O brasileiro trabalha mais de 150 dias por ano para pagar seus impostos. Ao todo, são 94 tipos de tributos. Levando-se em conta o retorno baixíssimo que o brasileiro tem em termos de saúde, educação e segurança, é possível dizer que temos a maior carga tributária do mundo, já que ficamos em último lugar no ranking de benefícios oferecidos à população com esses recursos. Os que ganham até 3 salários mínimos, comprometem 49% da sua renda com o pagamento de tributos, ou seja, os mais pobres são os mais taxados. A dor social causada pela falta de respeito com a administração de recursos no País é imensurável.
Fonte: Portal do PSDB Nacional