Diante dos dados negativos do final do ano passado e sem sinais de uma retomada mais firme, os economistas passaram a prever um cenário mais desafiador para 2014, de crescimento fraco e inflação elevada.
A projeção para o PIB deste ano foi revisada pela terceira vez seguida e agora está mais distante dos 2% esperados em dezembro. Segundo o Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, a nova previsão é de um avanço de 1,67%, ante 1,79% na semana anterior.
Desvalorização cambial, juros em alta e mercado de trabalho mais fraco compõem o cenário de pressão deste ano. A tendência de queda nas previsões se acentuou após a divulgação de dados do último trimestre, que mostraram uma desaceleração da atividade mais intensa do que o previsto.
Em dezembro, a indústria teve uma retração de 3,5% e o volume de vendas do comércio ficou 0,2% abaixo do ano anterior, fechando 2013 com o menor crescimento em dez anos.
Embora as projeções de crescimento ainda devam variar ao longo do ano, os dados divulgados nesta segunda-feira expõem um pessimismo maior em relação a 2014.
Nesta semana o IBGE divulga o resultado do PIB de 2013, que ajudará os economistas a fazer novos ajustes nas expectativas. As últimas previsões indicavam um crescimento de 2,3%.
Inflação
Além de atividade mais fraca, a inflação também incomodará mais do que no ano passado. Para os economistas, o IPCA – índice oficial de preços-chegará a 6% ao final do ano, aproximando-se do teto da meta (6,5%).
Na última semana, a projeção estava em 5,93%, mais próxima do índice registrado em 2013 (5,91%).
Tal cenário se dará apesar do aperto promovido pelo Banco Central, que deve elevar a taxa básica de juros até 11,25% ao final do ano, de acordo com as previsões.
O Copom (Comitê de Política Monetária) se reúne nesta semana para uma nova alteração e a expectativa é que haja uma elevação de 0,25 ponto percentual.
O câmbio é um dos vilões dos preços em meio ao rearranjo mundial iniciado com o fim do programa de estímulos nos EUA, em que investidores se voltaram aos países desenvolvidos em detrimento dos emergentes.
Para os economistas ouvidos para o Focus, a desvalorização da moeda continuará ao longo deste ano e fará o dólar alcançar R$ 2,50 em dezembro.