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Fernando Henrique indica que o momento é desfavorável ao PT

12 de maio de 2014
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Brasília (DF) – Em 47 minutos de entrevista, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) respondeu a uma série de perguntas de perguntas do jornalista Roberto D’Ávila, na Globonews. Fernando Henrique defendeu a reeleição e falou sobre reforma constitucional, rotatividade no poder, as denúncias de corrupção envolvendo a atual gestão federal e as perspectivas de futuro. Também mencionou as dificuldades no país e que as circunstâncias são desfavoráveis ao PT.

“Eu não sei se o Lula vai ou não ser candidato. É arriscado, ele também pode perder. Do jeito que as coisas estão, a percepção do povo vai mudando rapidamente”, disse o ex-presidente.
Às vésperas de completar 83 anos, Fernando Henrique demonstrou que mantém o humor que tanto o caracteriza. “Gosto da vida. Mas não sou um otimista ingênuo”, ressaltou ele, que concedeu a entrevista no apartamento onde mora em São Paulo. No site G1, foram destacados os principais pontos da entrevista do ex-presidente.
Para ter acesso à entrevista completa do ex-presidente Fernando Henrique, basta clicar aqui.

Reforma constitucional

Esse sistema não está funcionando. Um país que tem mais de 30 partidos, vinte e poucos operando no Congresso. Agora não são dois ou três partidos que se juntam. É todo mundo que se organiza em partido para poder tirar um pedacinho do governo, para ter uma diretoria. E isso é a mola fundamental para aumentar a corrupção. Estamos vendo que esse negócio não vai dar certo. O que vai dar certo? Acho que de cara não dá pra fazer um parlamentarismo, mas dá pra começar a mexer no modo de votar. A presidente Dilma está lá apertada por causa desse sistema também, como todos foram. No meu tempo foi mais fácil, porque não havia tantos partidos. E eu tinha um propósito: reformar a Constituição. Então a aliança era pra isso. Depois, o presidente Lula veio pra nada, porque não reformou constituição nenhuma! O que ele queria? Hegemonia, dominar tudo. E deu o mensalão! Ele diz que não aconteceu. Todo mundo sabe que houve o mensalão.

Rotatividade no poder

Quando você fica muito tempo no poder, os compromissos são muitos. Você não consegue mexer na máquina, mesmo querendo. Veja a presidente Dilma: tentou várias vezes. Agora está lá, nomeando tesoureiro de partido para ter posição no governo. Não consegue. Com o tempo, você perde a capacidade de renovar realmente. A alternância é sempre boa. Você vai dizer: “E vocês em São Paulo?”. A regra vale. É preciso que haja alguém para quem você passe o poder que seja confiável, que o povo creia nesse alguém. Por enquanto em São Paulo isso não apareceu. A alternância do poder é boa. Não acho que uma pessoa que foi presidente por oito anos tenha vontade de voltar porque isso desgasta.

Contexto atual

Entre outras coisas, mas é uma coisa preocupante. O que é que há hoje no Brasil? No mundo todo você tem movimentos, a internet mobiliza as pessoas, salta as estruturas, é uma coisa muito rápida. Mas aqui há um certo rancor que não era habitual. O Brasil sempre foi violento lá pro Nordeste, pra Amazônia, por causa da terra.
Comparação: Fernando Henrique e Lula

Eu peguei cinco crises, mas as bolsas foram criadas por mim, todas. A reforma agrária eu fiz mais, duas, três vezes mais, do que o governo atual. Educação, o acesso à escola primária foi no meu tempo, e o SUS praticamente foi montado no meu governo. O Globo fez uma síntese de tudo isso muito interessante, publicada há um tempo atrás, comparando os governos. Itamar e FH e Lula e Dilma. Indiscutivelmente, houve uma melhoria maior da situação, porque o mundo também favoreceu isso, porque o Lula tinha um compromisso forte com isso também. Eu nunca faço injustiças como ele faz comigo, mas no conjunto nós aprendemos a manejar as políticas para o mundo atual, que é de globalização, onde os nossos interesses nacionais têm que ser defendidos num plano global. Eu não sei se o Lula vai ou não ser candidato. É arriscado, ele também pode perder. Do jeito que as coisas estão, a percepção do povo vai mudando rapidamente.

Queda de confiança

Atribuem a quebra de confiança à Dilma, mas as políticas começam na segunda parte do segundo mandato do Lula. Depois da crise mundial, os que estavam no governo acharam: vamos aumentar o crédito, vamos aumentar o consumo’. Esqueceram que isso sem investimento cria problemas. Eu tinha um propósito: reformar a Constituição. Depois o presidente Lula veio para nada, e não reformou Constituição nenhuma. O que ele queria? Hegemonia, dominar tudo. E deu no mensalão. Ele [Lula] diz que não aconteceu. Todo mundo sabe que houve o mensalão.

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