Há muito tempo que não é novidade para ninguém a limitadíssima capacidade do Estado brasileiro em prestar serviços com qualidade de atendimento e execução aos seus “clientes”, ou contribuintes. Diga-se de passagem, mesmo no mundo, o conceito de Estado Capaz, Centralizador ficou restrito à “meia dúzia” de utópicos, que, mesmo em reduzida quantidade, conseguem “com louvor” muito atrapalhar o funcionamento das sociedades.
Durante os governos tucanos de FHC essa transição no modelo de serviços do Estado foi amplamente disseminada e bom proveito foi obtido do novo cenário. Como comprovação, imaginemos como estariam nossos serviços de telecomunicação das arcaicas “Teles…”, sem a atual concorrência de mercado; Ou a “VALE” com reduzidas competitividade, geração de divisas, impostos e postos de trabalho; ou a “EMBRAER” sem o arrojo administrativo da iniciativa privada; dentre outros exemplos.
Pós-FHC, o idealismo, dito de esquerda, conseguiu regredir bastante nesse relacionamento de transição, relutando para aceitar a necessidade de pactuar com a iniciativa privada o trabalho pelo país, bem como a honesta e consequente remuneração (na forma de lucros) pelo decente trabalho do investidor. Reciprocamente, o capital produtivo reluta para buscar oportunidades de negócios com um governo tipicamente intervencionista, tendo como recentes exemplos as tentativas de concessões para infraestrutura, outrora tão atacadas.
O mais curioso é que todo esse preconceito ao capital se dá num contexto doméstico em que o país “sangra” com as consequências de um crescimento mais que desordenado, amparado no consumo, que tem qualquer esboço de sustentabilidade atropelado por uma alta inflação, apenas controlável por métodos nada ortodoxos, questionáveis. Não obstante, o diferencial competitivo do país no mercado internacional é assustador, parcialmente atestado pela desvalorização cambial em curso desde 2011.
E, qual seria a saída para essa armadilha? Investimento em infraestrutura. Por quem? Não por um governo altamente comprometido com gastos públicos de financiamento da máquina e por monstruosa tributação, mas justamente pela Iniciativa Privada.
O atual contexto socioeconômico mundial não permite descuidar da competitividade, tampouco preconceitos ideológicos ao capital privado, que, bem administrado, indubitavelmente reverte benefícios à sociedade.
Retomando bons exemplos sobre o tema, no meu Estado, São Paulo, o ideal social democrata há tempos colhe benefícios da parceria com o capital privado. Um caso de sucesso é o “Poupa Tempo”, que, através da concessão de serviços públicos, muito facilita a vida do contribuinte paulista, levando ao cidadão um bom retorno na qualidade de atendimento, nos moldes da iniciativa privada. Parece detalhe, mas faz a diferença.
Nem dá pra dizer se tratar de “modismo”, pois essa visão de qualidade administrativa e austeridade veio do saudoso Governador Mário Covas, há quase vinte anos.
Enfim, enquanto o país bate cabeça nessa relação capital / governo, não tenho dúvidas que quem vem perdendo é somente a população.
*Ricardo Buso é economista e filiado ao PSDB