Pode ser paradoxal, entretanto é necessário fazer-se observações sobre determinadas decisões tomadas nas estratégias de desenvolvimento do Rio Grande do Norte. Quem, atualmente, pode condenar a construção de um aeroporto nos moldes do que está sendo ultimado na vizinha cidade de São Gonçalo do Amarante? Todas as verdades e argumentos socioeconômicos concretizam a aprovação do projeto. A proximidade com os continentes africanos e europeus, por exemplo, por si só, justifica a grandiosidade do projeto. O canal de exportação e importação via aérea tomará proporções inacreditáveis, sem contar com a massa de passageiros que trafegarão pelo grandioso aeroporto.
Pois bem. Só não se pode o mesmo dizer em relação ao município de Parnamirim. De concreto têm-se que o Aeroporto Internacional Augusto Severo terá um percentual expressivo de sua área dedicado a um aeroporto militar – base área. O grande herói potiguar Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, macaibense, estudioso cientista, faleceu em Paris, em 12 de maio de1912, quando realizava experimentos num dirigível por ele construído, que tinha o nome de “Pax”, ou seja, paz. Será adequado, pois, que permaneça uma base militar com o nome de um herói amante da paz como foi Augusto Severo? Entendo no meu juízo de valor a existência de uma contradição em um tema que ora se analisa.
Muito bem. São Gonçalo e o Estado ganharam um novo aeroporto. E o que resta a Parnamirim? O que fazer das instalações de um aeroporto que hoje é considerado como o terceiro melhor do país pela excelência de suas condições e serviços? Como será feita a autorização de uso desse espaço? Um hospital? Um shopping? Um centro de eventos? Enfim, há de haver um centro cultural específico com a destinação que possa compensar o povo de Parnamirim, o qual será desfalcado com o equipamento e com a consequente perda de empregos, além de atividades produtivas decorrentes de sua proximidade com o aeroporto.
Aqueles que tentaram abraçar as ruínas do Hotel Reis Magos muito mais razão teriam se abraçassem o Aeroporto Augusto Severo, o qual, sem nenhum demérito, faz parte da história da aviação do Brasil, não só na era histórica da travessia do atlântico como, também, quando sua grande implementação durante a Segura Guerra Mundial.
O debate é propício e necessita que o povo de Parnamirim, seus representantes municipais e as autoridades do Estado, além da sociedade potiguar, se irmanem na luta para compensar Parnamirim, resgatando, de uma forma produtiva e justa, bons uma nova vocação para o Aeroporto Augusto Severo.
Por Valério Marinho, presidente estadual do PSDB-RN – Artigo publicado no Jornal de Hoje, em 16 de fevereiro de 2014