Brasília (DF) – Cerca de 35% dos valores envolvidos nas manobras conhecidas como “pedaladas fiscais” estão relacionados a financiamentos subsidiados para empresas e produtores rurais de médio e grande porte. Os dados, enviados à Folha de S. Paulo pelo BNDES e Banco do Brasil, contrariam a versão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff de que as pedaladas foram realizadas para bancar programas sociais como o Bolsa Família.
As manobras consistiam em atrasar repasses de recursos devidos pelo Tesouro Nacional aos bancos públicos. Com isso, os balanços do governo apresentaram, durante o ano passado, resultados artificialmente melhores, driblando a necessidade de cortar gastos. A oposição acredita que as pedaladas fiscais são um dos motivos para o pedido de impeachment da presidente.
De acordo com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Brasil, os financiamentos a grandes empresas e ruralistas de médio e grande porte correspondem a 47% e 63%, respectivamente, dos valores financiados nessas linhas de crédito.
Segundo cálculos do Tribunal de Contas da União (TCU), que reprovou as contas federais de 2014, o expediente retirou indevidamente R$ 40 bilhões da apuração da dívida pública. Desse total, algo como R$ 14 bilhões foram referentes a empréstimos a grandes empresas e médios e grandes proprietários rurais.