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“Dilma na lama”, análise do ITV

Dilma Foto George Gianni PSDBA foto em que Dilma Rousseff assiste do alto, distante, as cenas da maior tragédia ambiental registrada no país traduz à perfeição a forma como a presidente da República lida com os problemas do país e o sentimento dos brasileiros. À consternação teatralmente encenada para as câmeras não correspondem ações que se espera de um governo minimamente preocupado com seu povo.

A tragédia de Mariana aconteceu na quinta-feira da semana passada. Deixou, até agora, nove mortos – 19 pessoas ainda estão desaparecidas. Dilma demorou sete dias para sair dos gabinetes acarpetados de Brasília para se aproximar, ainda que das alturas, do drama vivido por milhares de famílias atingidas pela lama lançada após o rompimento da barragem da Samarco, mineradora controlada pela Vale e pela BHP Billiton.

Neste ínterim, a presidente encontrou tempo até para se confraternizar com artistas e fazer festinha no Palácio do Planalto, além de dedicar-se a arrochar caminhoneiros que protestavam contra ela. Preferiu manter os pés na lama de Brasília a embrenhar-se nos rejeitos que destroçaram a vida das famílias solapadas pela tragédia.

Quando agiu, manteve profilática distância do epicentro da catástrofe: pousou seu helicóptero a 365 km de onde a barragem se rompeu. A lama estourou em Mariana; Dilma desceu em Governador Valadares.

Nos gestos traduz-se o descaso que o governo do PT exibe em relação aos problemas reais do país. Uma administração pública existe para recolher dinheiro da sociedade e aplicá-lo de maneira a bem cuidar dos cidadãos, melhorar-lhes a vida. É o mínimo, é o básico. É tudo o que Dilma não consegue fazer.

O governo tem no Orçamento verba vultosa para prevenção, preparação e respostas a desastres e emergências, além de gestão de riscos. Dinheiro para evitar a tragédia não faltou. Foram R$ 17,5 bilhões disponíveis nos últimos quatro anos, dos quais R$ 7 bilhões simplesmente se perderam, por jamais terem sido aplicados.

A estrutura destinada a fiscalizar as atividades minerárias é, com o perdão do trocadilho, uma catástrofe. Nos últimos quatro anos, cada barragem passível de fiscalização recebeu, em média, uma visita de fiscais federais, informa a Folha de S.Paulo. Técnicos do órgão responsável por fiscalizar a mineração, o DNPM, acusam o governo de ser “negligente”.

Gastou-se neste ano menos da metade do que foi gasto em 2014, relatou O Estado de S. Paulo. Onde, diabos, vai parar a dinheirama que o governo cobra da sociedade? Percebe-se, sem dificuldade, que o inchaço do Estado não serve ao povo, mas sim ao partido.

A tragédia de Mariana exige dos governantes respeito ao drama das famílias, reparação integral das perdas pessoais (muitas delas, infelizmente, insanáveis) e reconstrução ambiental completa. Obriga ainda uma mudança de atitude em relação às imensas dificuldades que a população enfrenta. Na ótica de Brasília, as catástrofes parecem sempre menores, porque sempre vistas do alto, à distância.

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