Brasília – Depois de seis anos arquivado, o governo federal lançou o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) com o objetivo de resolver o problema da falta de acesso a água e esgoto tratados no país. Mas para especialistas, a proposta é irreal e repleta de falhas, segundo reportagem do jornal O Globo.
A meta do Plansab é elevar a cobertura para 92% da população até 2033. Atualmente 57% dos domicílios brasileiros são ligados à rede de esgoto, mas este número inclui as fossas sépticas. No acesso à água tratada, a meta é estender o acesso a 99% da população, em áreas urbanas e rurais, com aporte de R$ 508,5 bilhões.
Integrante das comissões de Assuntos Econômicos e Sociais do Senado, Cyro Miranda (PSDB-GO) disse que a meta seria atingível se houvesse um planejamento adequado por parte do governo federal. “O que existe é um governo sem planejamento e com muita retórica”, afirmou. “Não está de perna manca apenas na economia, mas também na saúde e infraestrutura”, prosseguiu.
Para especialistas, as metas do Plansab não são factíveis. Nos últimos anos, o índice de cobertura do serviço de água tratada subiu 2,4% e foram investidos R$ 28 bilhões, ou seja, foram gastos R$ 12 bilhões para cada ponto percentual a mais na cobertura.
O índice está hoje em 84% e, para chegar a uma cobertura de 99%, por exemplo, será preciso investir por ano mais de três vezes o valor médio aplicado na última década, algo em torno de R$ 9 bilhões. Mantido o ritmo atual, o país chegaria a 2030 com cobertura de 88%.
Reeleição – O senador disse que a preocupação do governo não está focada na execução do plano, mas na garantia da reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014. “A única coisa que interessa é a reeleição. Só isso”, comentou.
O investimento total do Plansab para o saneamento foi projetado prevendo um cenário para o Brasil para que em 2030 o país terá uma taxa de crescimento de 4% ao ano e inflação de 3,5%. Mas em 2013 o Brasil deve crescer só 2,3% e a inflação deve ser de 5,8%.