O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), anunciou nesta segunda-feira (12), após o termino da reunião ampliada da Executiva Nacional, que o partido permanecerá na base de apoio ao governo do presidente Michel Temer, convergindo no compromisso com as importantes reformas que ainda deverão ser votadas pelo Congresso Nacional, como a da Previdência, a reforma política e a modernização da lei trabalhista. Os quatro ministros tucanos – Antonio Imbassahy, da Secretaria de Governo; Aloysio Nunes, das Relações Exteriores; Bruno Araújo, das Cidades; e Luislinda Valois, dos Direitos Humanos – também deverão continuar em seus cargos.
Em entrevista coletiva, Tasso destacou que a maior preocupação do partido é com os brasileiros. “O PSDB está dentro desse governo, com seus ministros, em nome não do governo, nós não somos defensores do governo, mas estamos em nome da estabilidade e das reformas que são necessárias. Nossa maior preocupação são os desempregados que estão aí, e não deixar que essa crise econômica venha a piorar”, disse.
O senador também ressaltou que, apesar da divergência de ideias, a unidade da legenda impera. “O partido está unido, agora, o partido tem divergências. E graças a Deus tem divergências. Porque nós não somos um partido que tem dono, que dá uma ordem unida, nem somos um partido baseado em ideologias totalitárias que, quando uma ordem vem da secretaria-geral, de cima do partido, todo mundo tem que fazer o nosso discurso. O nosso partido, historicamente é assim”, constatou.
Leia abaixo os principais trechos da coletiva do presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati:
Entrevista coletiva do presidente interino do PSDB,
senador Tasso Jereissati (CE)
Brasília – 12/06/17
Local: sede PSDB nacional
*Com áudio abaixo.
O PSDB cogita ajudar o presidente Temer trocando rebeldes na Câmara que votariam a favor da denúncia do Supremo?
Eu não cogito fazer isso não.
Vai ser uma decisão da Câmara?
Vai ser uma decisão da Câmara totalmente deles, e cada deputado vai votar da maneira que quiser.
Inclusive no plenário?
Inclusive no plenário, não existe decisão de fechar questão em relação a isso.
O líder deputado Trípoli que a orientação dele é votar a favor da continuidade da investigação chegando da denúncia do procurador…
Ele tá falando como líder da Câmara, nós não tomamos nenhuma deliberação sobre isso. Veja bem, nós vamos ter duas questões importantes que devem ser colocadas. Uma é essa questão que não deliberamos hoje e a bancada aparentemente tem opiniões diferentes. Como ela tem opiniões diferentes, isso vai ser um voto de consciência e não de partido, mas não é uma questão partidária, daqui pra lá muita coisa ainda vai acontecer, e se tiver alguma coisa muito grave ou ao contrário que nos leve a opiniões diferentes então nós convocaríamos os líderes para conversar com eles e faríamos uma reunião com a bancada, mas a decisão de hoje é que cada um vota de acordo com sua consciência.
Sobre o recurso ao TSE, o PSDB vai entrar com esse recurso? Segundo as eleições nova Executiva e diretórios, como é que isso seria?
Em relação a recorrer, ainda não foi publicada, acabei de consultar ao nosso advogado, disse que ainda não foi publicado, a minha opinião é de recorrer, mas nós só falaremos isso depois de termos a publicação para tomarmos uma decisão junto à Executiva.
Recorrer por quê, presidente, qual o argumento?
Recorrer porque nós é que entramos com a ação, achamos que houve corrupção e uso indevido de dinheiro público nas eleições de 2014, não temos a menor dúvida sobre isso e não temos porque ficarmos calados se temos ainda um recurso para provar nossa convicção. Recorrer porque nós é que entramos com a ação. Achamos que houve corrupção e uso indevido do dinheiro público nas eleições de 2014, não temos a menor dúvida sobre isso, e nós não temos porque ficarmos calados se temos ainda um recurso para provar a nossa convicção.
(Pergunta inaudível)
Eu, como presidente do partido, a minha opinião é a de recorrer. O advogado espera que a gente tenha, veja a publicação da sentença, para levar à Executiva. A minha opinião é de recorrer.
E isso vai ajudar o que no partido, apoiar o Temer e recorrer?
Isso mostra não é apoiar o Temer. É continuar no governo do Temer, acompanhando diariamente os acontecimentos sem renunciarmos às nossas convicções anteriores, e uma delas é que houve corrupção com certeza durante a campanha de 2014, usando o dinheiro público nessas eleições.
Mas então o PSDB apoia um governo que cometeu corrupção e desvio de dinheiro?
O PSDB está dentro desse governo, com seus ministros, em nome não do governo, nós não somos defensores do governo, mas estamos em nome da estabilidade e das reformas que são necessárias. Nossa maior preocupação são os desempregados que estão aí, e não deixar que essa crise econômica venha a piorar.
Mas o partido, o senhor mesmo disse na semana passada que para apoiar as reformas não era necessário ter quadros no governo.
Mas a minha posição foi vencida. Não digo propriamente vencida, foi uma opinião que não teve o consenso da maioria, e eu não senti maturidade no partido, não existe convencimento bastante maduro, para que se pudesse tomar uma decisão.
Senador, não fica incoerente um partido defender a queda de um governo do qual ele faz parte?
Não defendemos a queda. Eu não falo impeachment para Temer, impeachment para ninguém.
Mas essa ação levaria à saída do presidente Temer.
Com certeza existe uma incoerência nisso, mas é a incoerência em que a história nos colocou e eu não vou deixar de dizer que houve corrupção. Há uma posição de fato, em cima da realidade concreta, que está aí, e que é de não desestabilizar e de sair do governo de maneira precipitada.
(Pergunta Inaudível)…
Este não é o meu governo, não é o governo dos meus sonhos. Eu não votei nele nem nela. Estou aí por causa das circunstâncias do país. O país nos levou a isso: o impeachment levou o presidente Temer. A nossa Constituição é sagrada. Na nossa Constituição, isso ficou bem claro e nós não vamos fazer nada que vamos rasgar a nossa Constituição. Então, diante do país, nós devemos estar juntos, para dar essa estabilidade que o país precisa. Nem ele, nem ela foram meus candidatos. Eu estaria muito mais confortável com alguém do PSDB.
(Inaudível)
O que nós discutimos é que o senador Aécio Neves tem direito à defesa, que nós não vamos crucificá-lo, nós vamos dar a ele o que todo ser humano, todo brasileiro tem direito, que é o direito de defesa.
E sobre a reunião de uma nova eleição antecipada na executiva…
Há uma ideia que nós vamos conversar na reunião da executiva, provavelmente na semana que vem, que é convocar uma reunião nacional, mas isso ainda tem de ser conversado. Isso tudo tem de ser acordado com o presidente de fato que é o senador Aécio Neves. Essa decisão tem de partir dele.
O partido não pode decidir tirá-lo?
Essa decisão tem que partir dele.
Quem saiu aqui hoje disse que o partido tem um discurso só, o partido está unido. (…) Como o senhor vê a união do partido?
O partido está unido, agora, o partido tem divergências. E graças a Deus tem divergências. Porque nós não somos um partido que tem dono, que dá uma ordem unida, nem somos um partido baseado em ideologias totalitárias que quando uma ordem vem da secretaria-geral, de cima do partido, todo mundo tem que fazer o nosso discurso. O nosso partido, historicamente é assim. Quem é aqui mais velho lembra que nós tivemos outras crises. Não tem ninguém mais velho aqui, mas tem algumas mais antigas, que lembram que, por exemplo, na decisão de entrar no governo Collor, foi uma decisão tomada com muita discussão e com muita divergência. E nós decidimos por não entrar. E sempre foi assim. Em todas as crises. Vocês mesmo falam, a imprensa fala muito na escolha de presidente da República. Como nós temos muitos quadros, sempre existem tendências diferentes. Uns preferem um, outros preferem outros. Mas no momento exato nós estamos unidos.
Isso foi discutido na reunião? O cenário para 2018?
Não. 2018 hoje, com tanta coisa acontecendo, está a dois mil anos luz de distância.
Não dá para apoiar o governo e apoiar as reformas (inaudível)…
Dá, dá. Mas não é o que a maioria entende, o que boa parte entende. Boa parte entende que sem os ministros no governo a coisa piora. Pergunta: então não teve votação…Tasso: Não, não teve. Foi pela tendência que a gente sente pelos discursos. Não há uma coisa madura. Os discursos não são, são poucos os discursos mais radicais de ficar de qualquer maneira ou sai de qualquer maneira. Mas não existe uma coisa madura, que todo mundo esteja bastante convencido de alguma coisa.
O senhor espera algum tipo de reação dos cabeças-pretas?
Hoje entrou uma terceira, que são os carecas. Terceira cabeça, que foram os carecas, que se destacaram muito em homenagem aqui a vocês. Não tem cabeça-preta. Você tem opiniões diferentes de todas as idades, não está dividido dessa maneira.
Mas qual tipo de reação o senhor espera em relação àquelas que resistem à permanência do PSDB no governo?
Vamos ficar no partido todo mundo unido, cada um com suas posições.
O Daniel Coelho vai sair mesmo?
Pelo o que ele discursou aqui, não. Aliás, eu não sabia, nunca ouvi falar – alguém aqui que falou, algum jornalista – que ele ia sair, mas ele nunca me falou sobre isso.
[Inaudível] vai discutir a situação do senador Aécio Neves, porque tem uma decisão judicial para que ele seja afastado, mas ele ainda consta como senador em exercício. Isso preocupa o partido?
Essa decisão foi discutia com o presidente do Senado, Eunício, e ele nos explicou que, de fato, o Senado não foi comunicado. Porque a comunicação do Supremo veio para o Aécio e não para o Senado, com cópia para o Senado.
O Supremo disse hoje que a assinatura do presidente Eunício consta como uma comunicação formal ao Senado e a mesa convocou uma reunião apara amanhã de manhã para deliberar, entre outros assuntos, a situação do senador.
Eu não estou sabendo, eu passei a tarde aqui, por isso não estou sabendo da decisão do Supremo. Vou me inteirar disso aí no dia.
Hoje, no Congresso, a oposição disse que haveria um acordo entre PMDB e PSDB e que nesse pacote estaria a eleição de 2018, a não cassação do senador Aécio, a não aprovação da denúncia com ajuda do PSDB, e que um ajudaria o outro.
Quem disse isso?
Vários parlamentares de oposição que estavam hoje no Congresso.
Não acredite sempre no que os parlamentares de oposição dizem. Me faz esse favor. Eu não fiz acordo com ninguém. Nem com PMDB, nem de eleição do ano que vem. Não conversei com ninguém do PMDB, absolutamente ninguém, sobre isso. E não acredito que se faça nenhum acordo. Não seria decente se fazer um acordo ao redor disso.