Há pouco mais de dez anos, o filho mais novo de Lula foi alvo de polêmica por ter levado amigos para passar férias no Palácio da Alvorada. Mas agora as denúncias contra ele são muito mais sérias: Luis Cláudio é suspeito de ligação com lobistas que negociaram com o governo do PT a edição de medidas que beneficiaram a indústria automobilística. Deputados do PSDB esperam que sejam esclarecidas as denúncias que pesam não somente contra o caçula, mas também contra o próprio ex-presidente Lula e outros familiares.
Nessa segunda-feira a Polícia Federal realizou busca na sede de uma das empresas de Luis Cláudio. Ao comentar o episódio, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), resumiu: “Êta familiazinha pra se envolver em escândalos!”. Para ele, o cerco está se fechando sobre o “pai do mensalão e do petrolão”.
No começo do mês, Sampaio protocolou representação junto à Procuradoria-Geral da República para que sejam investigadas supostas práticas de corrupção passiva pelo ex-presidente Lula, a partir da denúncia de que a Medida Provisória 471, editada e aprovada em seu governo, foi “comprada” para favorecer montadoras de veículos.
A ação também solicita que sejam apuradas as participações de Luís Cláudio, da então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e do ex-ministro Gilberto Carvalho. Uma das consultorias que atuaram para viabilizar a MP pagou R$ 2,4 milhões à empresa que pertence ao filho do ex-presidente.
“As provas indicam provável tráfico de influência, prática que vem se revelando costumeira no desgoverno petista”, destacou o deputado João Gualberto (BA) ao comentar a operação de ontem da PF no escritório de Luis Cláudio.
As suspeitas que pesam sobre os familiares têm um traço em comum: o suposto uso do acesso privilegiado ao poder franqueado pelo prestígio do pai para fazer negócios privados. Segundo a “Folha de S.Paulo”, o ex-presidente e seus filhos possuem ou têm participações em 18 empresas.
Conhecido como “Lulinha”, Fábio Luis Lula da Silva teve uma ascensão vertiginosa nos últimos anos. Biólogo, se tornou conhecido há pouco mais de uma década após a Gamecorp, empresa de jogos da qual é sócio, receber R$ 5 milhões da operadora Telemar em 2004. Recentemente, em delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, o lobista Fernando Baiano relatou que pagou despesas pessoais do primogênito de Lula no valor de cerca de R$ 2 milhões. O mesmo valor teria sido destinado a uma nora de Lula para quitar dívidas.
Contra o patriarca também pesam graves suspeitas. “Cada vez há mais indícios de que o ex-presidente Lula realizou tráfico de influência e se apropriou indevidamente da máquina do Estado para benefício próprio e de seus familiares. Qualquer ação no sentido de dar transparência aos fatos é não apenas legal, mas necessária”, defendeu Alexandre Baldy (GO), sub-relator da CPI que investiga o BNDES.
O tucano defende que o ex-presidente preste depoimento no colegiado para dar explicações sobre sua atuação em favor das empresas no exterior que têm obras financiadas pelo banco de fomento.
Em plenário, o deputado Domingos Sávio (MG) lembrou nesta terça-feira (27) que foi processado por ter defendido investigação de Lula e de “Lulinha” em entrevista a uma rádio no começo do ano. “Não me intimidei e agora a verdade está vindo à tona. A PF está demonstrando de forma clara que o tráfico de influência, o abuso do poder para se beneficiar e para se enriquecer começa a se confirmar com depósitos milionários. A lei é para todos”, destacou o tucano, que defendeu a punição para quem comete ilegalidades.
Do PSDB na Câmara