A reação do governo brasileiro à decisão do presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, de retirar poderes da Assembleia Nacional do país recebeu nesta terça-feira (5) críticas de parlamentares da oposição. O deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG) considerou “muito amena” a manifestação do Ministério das Relações Exteriores aos últimos acontecimentos no cenário político venezuelano.
De maioria oposicionista, a Assembleia teve os poderes reduzidos quando Maduro tirou sua prerrogativa de nomear diretores para o Banco Central do país. Em nota divulgada nesta terça-feira (5), o Ministério das Relações Exteriores defende que a Venezuela respeite as prerrogativas da nova Assembleia Nacional e preserve a vontade do povo.
O Palácio do Planalto cobra o “apaziguamento geral” e o respeito ao resultado eleitoral. O governo brasileiro também considera que é preciso examinar se há base legal na decisão da Justiça da Venezuela de suspender, no final de dezembro, a eleição de três deputado que fazem oposição ao atual regime, conforme matéria publicada hoje (5) no jornal Folha de S. Paulo. Apesar das críticas, o governo brasileiro mantém o apoio à gestão de Maduro.
Para o deputado Eduardo Barbosa, a Venezuela não vive uma democracia verdadeira. O deputado considera que o chavismo domina os poderes vigentes e utiliza o judiciário para impor a vontade centralizadora e autoritária do governo.
“O governo brasileiro também segue esse rumo. O PT gostaria de estar na mesma posição que Maduro. Isso para mim não é surpresa e demonstra o perfil claro do governo brasileiro. Nós ainda não chegamos ao nível da Venezuela porque ainda temos instituições muito fortalecidas e uma imprensa livre ”, afirmou.
Barbosa destaca que existe uma expectativa do cenário internacional de que o Brasil exerça a liderança na América Latina. “É lamentável que o Brasil não exerça esse comando. Ele não o faz em função de ter um governo autoritário. O governo da Venezuela é a forma de governo que o PT idealiza para o Brasil”, lamenta.
A posse da nova Assembleia acontece hoje (5) em Caracas. A polícia foi acionada para garantir a segurança dos parlamentares. Pela primeira vez em 17 anos de governo, o chavismo é minoria na casa.