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Honesta “pero no mucho”, por Alberto Goldman

21 de dezembro de 2015
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Presidente Dilma e o primeiro ministro da China, Wen Jiabao, durante assinatura de diversos atos internacionais entre os dois países.

Presidente Dilma e o primeiro ministro da China, Wen Jiabao, durante assinatura de diversos atos internacionais entre os dois países.

Renan Calheiros diz que Dilma é honesta. O Delfim, também. E o Lula, idem. É verdade, mas quem disse que ela não é? Que ela roubou? Ninguém. Acho que nem a torcida do Flamengo.

Não se trata disso ao se pretender seu impeachment. Ou o que seria melhor, sua renúncia. Leiam a lei federal 1079 que trata dos crimes de responsabilidade do presidente e dos ministros. Não tenho dúvidas que ela incorreu, formalmente, em vários artigos da lei.
Mas não é só isso. Ela cometeu um crime de desonestidade intelectual. Mentiu e mente descaradamente. Não só no período eleitoral, mas agora, não exercício da presidência.

Continua a afirmar que não sabia de nada, nada. Nem o Lula sabia de nada, nada.

O que veio à tona, e agora todos sabem, é o que começou a ser desvendado pela delação premiada do Paulo Roberto Costa, diretor da Petrobrás. E a delação só se deu depois que a própria família do Costa foi envolvida e ele temeu por ela. Abriu tudo. Daí por diante, cada fio que se puxa, vem todo um novelo. De cada ex diretor da Petrobrás se conhece um enorme campo em que a corrupção se expandiu. Não tem fim, atinge a Dilma, o Lula, vários ministros, senadores, deputados, dirigentes do PT, do PMDB, do PP, toda a base de apoio do governo.

Muitos deles são responsáveis diretos. Alguns estão presos e muitos serão condenados, se não o foram. Dilma foi conivente, ao fechar os olhos para o que estava acontecendo, achando que assim não se comprometeria. Ledo engano. Não pode se eximir da responsabilidade que lhe cabe como Presidente, e que lhe coube como Ministro de Minas e Energia e como Ministro Chefe da Casa Civil. Nem legal, nem moralmente.

O que ainda a sustenta é a convicção que se tem de que o Eduardo Cunha é um delinquente, conforme expressão do Janot, procurador geral da República. Fosse outro o presidente da Câmara, o processo de impeachment já teria avançado. A sustenta também o Renan Calheiros que quer que o Senado, por maioria simples, negue uma eventual decisão da Câmara.

Quem a sustenta ainda é a falta de credibilidade do vice presidente, Michel Temer, que vem sendo atingido também pelas investigações do MP. Em suma, quem a sustenta é a falta de credibilidade e de respeitabilidade dos demais cabeças da República. Como dizem alguns, é trocar seis por meia dúzia.

Mas é inevitável. Ela já não governa mais. Conveniente para o país seria o afastamento de todos eles. Mas isso requer tempo e o pleno respeito aos textos legais. Mas, no momento, vamos tirar o entulho possível.

As decisões do STF são para mim discutíveis. Mas são decisões que nos obrigam, a todos. Têm a vantagem de acabar com o discurso dimista/lulista/petista de que o impeachment seria um golpe. Não é, e o Supremo como suas decisões implicitamente afirmou sua legalidade ao regulamentar o rito processual.

Pra terminar o ano, o Levy é substituído pelo Nelson Barbosa, que sempre foi a própria imagem da presidente. Assim ela volta às suas origens, e vai praticar suas próprias idéias respeitando o resultado das urnas. Restaura-se a Dilma original. Nesse ponto, pelo menos, não há estelionato eleitoral.

Vamos começar 2016 com o pior quadro político e econômico que o país já teve. É nele que teremos de encontrar uma saída para superar essa tão profunda crise.

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