A crise econômica está fazendo com que chefes de família fiquem sem emprego. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no mês de novembro havia 548 mil chefes desempregados nas seis principais regiões metropolitanas do País, 56,9% a mais do que o mesmo mês do ano passado, conforme matéria publicada hoje (22) no jornal O Estado de são Paulo.
Sem poder contar com o principal provedor da casa, a demissão acerta em cheio o poder de compra dessas famílias. O número de chefes de família desempregados começou a crescer em janeiro deste ano. Naquele mês, eram 357 mil nas seis principais regiões brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador). Com o aumento, a taxa de desemprego entre os chefes atingiu 4,7% em novembro deste ano.
O principal resultado desse fenômeno é a procura por emprego de outros membros da família que antes não trabalhavam. Sem vagas disponíveis para acomodá-los a taxa de desemprego sobe. “Outras pessoas tentarão recompor essa renda perdida”, alerta o economista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria Integrada. Além disso, o poder de compra diminui, com repercussão sobre setores como comércio e serviços, gerando um círculo vicioso.
Segundo o IBGE, há 1,286 milhão de “outros membros” da família buscando emprego, 52,3% mais que em novembro de 2014. No site de busca Vagas.com, a procura tem sido crescente. O cadastro de novos currículos atingiu 173 por hora na média do acumulado do ano até setembro, 11,6% mais do que em igual período de 2014. Até novembro, a alta acelerou para 17%. As oportunidades, no entanto, encolheram 4% até o mês passado.
Entre os jovens, os cadastros avançaram 49% de janeiro a novembro se comparado a igual período de 2014, segundo o site. A procura de emprego pela faixa etária entre 18 e 24 anos é o que mais tem dado combustível ao aumento do desemprego em 2015. Antes, o movimento era contrário: os pais tentavam preservar o estudo dos filhos e bancavam seu sustento. Agora, com a renda encolhendo quase 10%, não há como mantê-los longe do mercado.
Para o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, a situação ainda pode piorar antes de melhorar. “Como essas pessoas são as fontes principais de renda, elas não têm condição de sair do mercado de trabalho. Algumas fazem bicos ou abrem o próprio negócio e não são consideradas desocupadas. Mas a probabilidade de o negócio dar certo em 2016 é baixa”, observa.
Segundo Caparoz, a taxa de desemprego deve atingir seu pico em 2017, provavelmente em dois dígitos, para só então começar a arrefecer em 2018.