É assustador o grau de alienação em que está acometida Dilma Rousseff. Em artigo de hoje na Folha de São Paulo ela parece um personagem perdido que se desligou da realidade e que vive em um mundo só seu.
O início do artigo trouxe alguma esperança: “O Ano de 2015 chegou ao final e….nos traz a necessidade de refletir sobre erros e acertos de nossas decisões e atitudes…Nossos erros e acertos devem ser tratados com humildade e perspectiva histórica”.
Poderia parecer o início de uma autocrítica. Ledo engano.
Dilma tem uma personalidade que não lhe permite mostrar as suas fraquezas, muito menos seus erros. Já havia percebido nela essa característica, pois durante esses anos após a sua adesão à luta armada contra a ditadura militar e a sua prisão ela, em momento algum, expressou qualquer autocrítica a esse caminho que levou centenas de jovens à prisão, à tortura e à morte, quando era evidente que ele era uma fantasia impossível de ser realizada, na luta de uns poucos sem qualquer preparo para enfrentar o poderio das forças armadas e de parte da sociedade brasileiro engajadas no projeto do regime ditatorial.
Mais uma vez ela se mostra incapaz de fazer uma reavaliação realista dos erros cometidos. No texto ao jornal ela, mais uma vez, credita o quadro de crise em que vivemos aos “fatores internacionais que reduziram a nossa capacidade produtiva” e à “instabilidade política que se aprofundou por uma conduta muitas vezes imatura de setores da oposição que não aceitaram o resultado das urnas”.
Assim Dilma não faz qualquer reflexão sobre erros cometidos. Não existe em todo texto qualquer reconhecimento sobre eventuais erros. Assim, não existem erros a serem reavaliados. Apenas acertos, descritos no teor do artigo.
O que ela diz? Que a solidez da nossa economia é a base da retomada do crescimento. Ora, essa “solidez” se admitida como verdade, vem de anos de políticas econômicas e institucionais, nascidas do Constituição de 88 e que permearam os anos seguintes de Itamar Franco, Fernando Henrique e parte dos de Lula.
Porque o país está naufragando? Passamos no âmbito internacional por momentos favoráveis e desfavoráveis e, em nenhum momento a oposição de então (em muitos períodos capitaneada pelo PT) foi capaz de desestabilizar o quadro institucional e econômico.
Dilma cita alguns números positivos, como as nossa reservas internacionais, aliás produto de um desses momentos favoráveis do quadro internacional, e os investimentos estrangeiros, sem tocar no fato de que eles vêm diminuindo a cada dia que passa em função da falta de segurança e de confiança dos investidores. Em nenhum momento faz referência à gravidade da perda de produção industrial, à brutal contração do PIB em pelo menos dois anos seguidos, à explosão da inflação, à perda de competitividade da produção nacional, ao processo que se inicia de contração dos salários e, à questão mais grave de todas, o desemprego crescente.
Dilma sinaliza agora para um diálogo com os trabalhadores e os empresários, e aponta para uma reforma previdenciária, para o investimento em educação e à formação tecnológica e científica, à instituições mais fortes no combate à corrupção, à uma reforma administrativa, á constituição do modesto superávit primário que tem levado ao aumento descomunal do nosso endividamento, como se estivéssemos no início de seu período de governo.
Tudo isso foi dito na sua campanha eleitoral e tudo se mostrou falso. Ela faria mais moradias, mais vagas nas universidades, mais programas de ensino técnico, mais rodovias, mais concessões na área de infraestrutura. Não aconteceu e não acontecerá. Seu tempo já acabou.
Nas suas fantasias ela ressalta, como se fosse mérito seu, parte de seus acertos, que “em 2015 as instituições de nossa democracia foram exigidas como nunca e responderam às suas responsabilidades”. Daí julga que foi “injustamente questionada pela tentativa de impeachment” mas que não alimenta “mágoas nem rancores”. Dilma nos trata como retardados.
Enfim, conclui-se nessa falsa autocrítica que Dilma vem sendo perseguida não só pela sorte em função do quadro internacional, mas também por essa oposição “imatura”, que na realidade não conta sequer com 20% de representação no Congresso Nacional, e que quer vê-la longe, o que é verdade. A oposição e a maioria do povo brasileiro.
O texto do artigo é um panfleto promocional, sem qualquer respaldo na realidade. Não existiram erros, não há qualquer autocrítica, só acertos no passado e acertos que no futuro farão a felicidade de nosso povo.
Pobre e infeliz presidente. Perdida e alienada.