Pode não parecer, mas sou um otimista incorrigível. É verdade que o quadro de 2016, como consequência do desastre do governo petista em seus 13 anos de poder federal, se nos afigura dantesco, seja no plano político/institucional, seja no plano econômico. Mas também é verdade que em 2015, e mesmo antes, mitos foram derrubados (a gerentona genial, o barbudo invencível), o estelionato eleitoral de Dilma ficou escancarado, o PT foi desmoralizado, o Lula a cada dia que passa está ficando mais nu, as investigações do MP e da PF se aprofundaram sem que pudessem ser barradas, a cúpula do PT foi presa, escorraçada e condenada, seus aliados, o PP e o PMDB, mostraram a verdadeira cara de um fisiologismo e de uma corrupção sem limites.
Deputados e senadores que se corromperam estão sendo processados, presos e cassados, muitos grandes empresários estão na cadeia, confessaram seus crimes e fizeram a delação premida, e o Poder Judiciário funciona de forma equilibrada apesar de alguns ministros do STF estarem visivelmente comprometidos com o governo. Tudo isso não é pouco.
Apesar da demora dos processos e julgamentos, consequência dos cuidados com que a lei trata o direito de defesa, os possíveis responsáveis por ilícitos, como Dilma e Eduardo Cunha, vão tendo de prestar contas pelos desvios, as coisas se movem, a corrupção vai sendo desvendada e os culpados vão sendo penalizados. O futuro nos assegura o prosseguimento das investigações e a condenação dos culpados, dia mais, dia menos.
A previsão do que ocorreria em 2015 já era possível, conforme escrevi em um post no começo do ano, intitulado “Triste ocaso de um partido outrora ‘o’ arauto da honestidade.” Nele eu dizia:
“Na Câmara a derrota de Dilma é colossal. O candidato do PT, Arlindo Chinaglia, teve apenas 136 votos, contra 267 de Eduardo Cunha e 100 votos dados ao candidato da oposição. Apesar de ter colocado toda a máquina governamental a serviço de Chinaglia, depois da distribuição dos ministérios e diretorias de empresas, a derrota foi como nunca antes havia acontecido. E Eduardo Cunha tem um histórico que não recomenda qualquer esperança de termos um estadista no comando da Câmara. O governo desmorona a olhos vistos. Em um difícil período na administração do país, em especial, na área econômica, Dilma terá de se submeter à voracidade de agrupamentos políticos que se denominam aliados. O fim desse período penoso da vida brasileira não vai demorar 4 anos. Não tem como subsistir tanto tempo. Não vislumbro como serão os próximos meses, mas é certo que as tensões vão aumentar sobremaneira e os conflitos vão se aguçar”.
Pareciam profecias, mas não havia nada de excepcional. Uma longa vida política me ensinou a perceber os sintomas da doença e a prever as hipóteses mais prováveis. O desenlace de Dilma só não ocorreu em 2015 porque Eduardo Cunha, durante 2 meses, manteve na gaveta o requerimento com o pedido de impeachment de Dilma, tentado negociar com o governo a sua salvação, o que só não aconteceu por um ato de rebeldia da bancada do PT contra o próprio governo federal. Ainda existe vida saudável no PT!
Sim, vai doer muito em 2016 e sei lá o quanto mais, qualquer que seja o governo de plantão. Mas o Brasil nunca mais será o mesmo. O povo terá um cuidado maior e uma participação mais efetiva nos processos eleitorais e teremos não só executivos mais decentes, como Legislativos mais legítimos e representativos.
O fato é que os muros da ignorância, da desinformação e das mentiras foram abalados se não destruídos. Cabe aos partidos políticos a tarefa de reconstruir uma vida política saudável, a começar das eleições deste ano para prefeitos e vereadores. Nós, do PSDB, temos a obrigação de dar o exemplo já este ano na escolha do nosso candidato a prefeito. Além de inovador, de dinâmico, tem de estar afinado e comprometido com os novos tempos, uma nova forma de fazer política.
Viva 2015 que nos abriu os olhos dando-nos os parâmetros para construir uma vida política saudável. Viva 2016 em que começaremos a moldar, em novas bases, o futuro do país.
*Publicado no Blog do Goldman