Brasília (DF) – Os brasileiros estão tendo que cortar gastos essenciais à mesa. A crise econômica atingiu a produção de alimentos e, apenas em julho houve queda de 6,2% em relação a junho. A fabricação de itens como açúcar, carne e leite em pó diminuiu e contribuiu para o recuo de 1,5% da indústria. De acordo com o jornal O Globo desta quinta-feira (3), foi o pior mês para o setor desde 2013, quando a queda foi de 3,6%.
Para o gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Macedo, o consumo doméstico lento em função do aumento do desemprego e renda menor afetam claramente o consumo das famílias.
“Além, é claro, do crédito mais caro, mais restrito e mais seletivo na concessão, que traz um fator adicional para justificar esse menor ritmo da produção industrial”, afirmou.
Ainda segundo Macedo, a indústria está produzindo 14,1% menos do que em junho de 2013, e o mesmo que maio de 2009, quando o país estava em recessão causada pela crise financeira global.
“Mantemos um comportamento negativo, já há algum tempo. Nos últimos 11 meses, há uma frequência maior de resultados negativos: foram oito quedas. De setembro para cá, há uma perda acumulada de 8,5%. De tal forma que o saldo negativo é importante”, explicou.
Em comparação com julho do ano passado, a indústria alimentícia também reduziu a produção. O recuo de 7,2% corresponde à redução do volume de vendas nos hipermercados, que estão sofrendo com o desemprego em alta e a corrosão de salários por causa da inflação.
Segundo o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Leonardo Carvalho, os estoques estão elevados diante da queda nas vendas no varejo. “Não há como a produção do setor ficar imune à recessão que estamos vivendo”, relatou.