O empresário Fernando Bittar, um dos donos no papel do sítio frequentado por Lula e sua família em Atibaia, interior de São Paulo, afirmou à força-tarefa da Operação Lava Jato que a mulher do ex-presidente, Marisa Letícia, coordenou parte das obras feitas na propriedade a partir do fim de 2010. Bittar disse ainda, segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo desta terça-feira (8), que não sabe quem pagou pela reforma do imóvel e que a própria mulher de Lula teria aprovado um projeto feito por um engenheiro da empreiteira OAS.
Antes da revelação, a defesa de Lula havia dito que o petista só tomou conhecimento do sítio em 2011. Segundo o jornal, o engenheiro da empreiteira Odebrecht Frederico Barbosa disse em depoimento que ele e mais 15 funcionários pagos pela construtora trabalharam na expansão do local, e que os valores pelos serviços eram repassados em dinheiro vivo pelo assessor da Presidência Rogério Pimentel.
O advogado de Bittar, Alberto Toron, disse que o empresário “primeiro fez um projeto com uma arquiteta da confiança dele, mas Marisa não gostou. Aí foi feito um segundo projeto por um engenheiro da OAS que a agradou. Ele sempre dizia para o engenheiro da OAS: ‘Me apresenta a conta’. Mas o engenheiro respondia: ‘Não, pode deixar, pode deixar’”.
Para o deputado federal Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS), é evidente a inconsistência dos argumentos apresentados pelo ex-presidente. “É mais uma inconsistência, mais uma mentira evidente e deslavada do ex-presidente Lula. Uma pobre figura que já foi uma das lideranças mais proeminentes do Brasil e aproveitou isso para fazer o que há de pior na vida pública, enriquecer ilicitamente, ocultar patrimônio. E hoje vive um momento no qual ele tenta utilizar de um discurso fácil e demagogo para ocultar essas questões de enriquecimento ilícito.”
Marchezan ressaltou que a relação estabelecida entre Lula e empresas privadas é dissimulada. Para o tucano, é lamentável que o petista tenha usado as empreiteiras para executar favores pessoais.
“A promiscuidade das alegações de defesa do ex-presidente Lula são reflexo da sua relação com o público e privado. Destruiu essas empresas porque as levou a fazer esses favores, que não são pequenos favores, são milionários, e de uma forma baixa que viesse a favorecer a ele e sua família para prazeres”, afirmou.
Procuradores investigam se as empreiteiras OAS, Odebrecht e o pecuarista José Carlos Bumlai beneficiaram ilicitamente o ex-presidente Lula por meio do pagamento de obras no sítio.