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“Acorda, Nordeste!”, por Tasso Jereissati

O IBGE divulgou recentemente a renda per capita das famílias brasileiras. O cenário continua o mesmo há décadas: a renda das famílias nordestinas é um terço menor que a do Brasil e apenas metade daquelas dos estados mais ricos. Até quando isso vai permanecer? O Nordeste precisa mudar. Para isso temos que ousar e fazer diferente. Precisamos de uma política regional antenada com o século XXI e não de uma mera classificação de cidades e regiões pelas suas dinâmicas de renda, como é o caso da atual PNDR. Política regional se faz com estratégia, instrumentos e instituições.

O liberalismo econômico com a abertura da economia, foco nos mais necessitados, igualdade de oportunidades e disciplina fiscal são compatíveis com uma política regional moderna para a construção de uma nova agenda para o Nordeste.

Vamos abrir a economia e permitir que a Região explore seu potencial logístico e exportador. Vamos dar igualdade de oportunidades aos nordestinos fortalecendo as infraestruturas física, humana e institucional. É preciso focar nos pobres e apoiá-los com empreendedorismo e não condená-los ao assistencialismo.

O Nordeste industrial da Sudene, da simples construção de açudes do Dnocs e dos financiamentos de grandes projetos indústrias do BNB ficou obsoleto. O Nordeste exportador de jovens talentosos é um absurdo.

Vamos acordar e mudar. É preciso entender que a vantagem do Nordeste está na sua capacidade de criar, e não de produzir bens de baixo valor agregado. Em vez de se limitar a atrair empresas para gerar empregos, é fundamental incentivar e reter jovens de talentos e gente produtiva.

Vamos atualizar nossas instituições e instrumentos regionais com destaque para o BNB e o FNE. Precisamos de um BNB técnico, eficiente, efetivo e ético. Um banco cuja lógica principal seja financiar a inovação, o empreendedorismo, a pequena e média empresa, a infraestrutura local. Vamos atualizar o FNE e permitir que ele financie inovação com capital de risco, financie o fortalecimento do capital humano e que continue ofertando crédito diferenciado para a Região. É fundamental para o Brasil um projeto claro para o Nordeste.

Concluo com uma frase de Einstein: “Fazer a mesma coisa de forma continua e esperar resultados diferentes é insanidade”. Não sejamos insanos!

Tasso Jereissati é senador e ex-governador do Estado do Ceará

Artigo publicado originalmente na edição de 22 de março de 2019 do  jornal O POVO

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