Brasília (DF) – O cerco continua a se fechar em torno da cúpula petista. A Procuradoria-Geral da República (PGR) ofereceu nesta sexta-feira (06/05) denúncia no Superior Tribunal de Justiça contra o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. O petista será investigado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, a acusação contra Pimentel tem como base os desdobramentos da Operação Acrônimo, que investiga um esquema de financiamento ilegal de campanhas políticas do PT.
A PGR encontrou indícios de que as empresas Bridge, OPR Consultoria e BRO, ligadas ao empresário Benedito de Oliveira Neto, o Bené, receberam recursos de empresas que teriam sido beneficiadas por atos de Pimentel enquanto ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior (MDIC), entre elas a montadora Caoa. Bené, ligado a Pimentel, é acusado de ser o operador de recursos para o governador de Minas. Ele está preso desde o mês passado, e negocia com a PGR um acordo de delação premiada.
Para o deputado estadual Gustavo Valadares (PSDB-MG), a denúncia da PGR contra o governador Pimentel não é uma surpresa.
“O governador usou de práticas ilícitas para buscar dinheiro para benefício pessoal e para a utilização, inclusive, na campanha que o elegeu governador [em 2014]. Enquanto ministro, concedia benefícios fiscais a várias empresas e indústrias Brasil afora, com a contrapartida de que recebesse por fora recursos ilícitos. As provas são irrefutáveis, não há como serem questionadas, nem pelo governador, nem pela sua defesa. São provas muito bem fundamentadas, colhidas ao longo da Operação Acrônimo pela Polícia Federal, que foi quem indiciou o governador e encaminhou o indiciamento à Procuradoria”, afirmou.
O parlamentar destacou que a expectativa da oposição é que o Superior Tribunal de Justiça aceite a denúncia contra Pimentel e que o governador seja automaticamente afastado do cargo, conforme previsto no artigo 92 da Constituição do Estado de Minas Gerais.
Propinas de R$ 1 milhão
O governador Fernando Pimentel também é acusado pela Polícia Federal de coordenar um esquema de lobby e embolsar R$ 1 milhão em propinas, durante o período em que chefiou o MDIC. A informação foi divulgada na edição desta sexta-feira (06/05) da revista Época. Segundo a publicação, as acusações constam da primeira versão do relatório final da Operação Acrônimo, do dia 29 de abril. No documento, a PF diz que Pimentel usou de seu cargo para conceder benefícios fiscais à montadora Caoa, recebendo propina para isso.
No começo de abril, a Polícia Federal indiciou o governador mineiro por cinco crimes: corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa, tráfico de influência e falsidade ideológica eleitoral.
O deputado Gustavo Valadares ressaltou que a prática de recebimento de propina é comum ao Partido dos Trabalhadores. “É algo que é praxe desse partido, as exceções são aqueles que não cometem ilícitos. Usam da prática dos malfeitos e depois se escondem atrás do discurso de que são perseguidos por uma burguesia, ou por aqueles que querem praticar golpes. É o mesmo discurso. Pimentel pratica em Minas, hoje como governador, o mesmo discurso que Dilma fez ao longo desses últimos meses em Brasília”, avaliou.
O tucano disse que esse é um momento triste para os mineiros, mas que deve ser enfrentado com coragem e serenidade. Ele acrescentou que a oposição deverá agora desempenhar o seu papel e cobrar resultados das investigações.
“É triste ver isso. Como mineiro, não queria passar por essa etapa, mas é necessário enfrentarmos com coragem e serenidade. A oposição estará aqui pronta para que se cumpra aquilo que está na constituição estadual: feita a denúncia pelo Superior Tribunal de Justiça, que o governador seja automaticamente afastado”, completou o deputado.