Os novos balanços dos fundos de pensão das empresas estatais mostram que grande parte dos seus investimentos foram executados por pressão de governos ou por influência de políticos. Os prejuízos somados dos três maiores – Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal) – podem chegar a R$ 49,2 bilhões no ano passado.
De acordo com matéria do jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira (21), os conselheiros que representam os pensionistas dos fundos de pensão estão incomodados com as apostas feitas em projetos para os governos Lula e Dilma (Sete Brasil, Invepar, Belo Monte, Oi), que provocaram perdas e podem dar ainda mais prejuízo. Eles suspeitam que os investimentos para o financiamento de empresas que nunca saíram do papel ou que viraram saco sem fundo – exigindo cada vez mais dinheiro para não quebrar – ocorreram para atender interesses políticos. Entre os descobertos até o momento, os mais críticos são os fundos FIP Global Equity, FIP Enseada e FIP Multiner.
Segundo a Folha, Previ e Funcef já informaram que seus déficit atingiram R$ 16 bilhões e R$13,2 bilhões, respectivamente. O balanço da Petros ainda não está fechado, mas segundo apurou o jornal, deve chegar próximo a R$ 20 bilhões.
Previ, Petros e Funcef administram juntos R$ 292,5 bilhões, de 495 mil participantes. As suspeitas de corrupção estão sendo investigadas no Congresso, que instalou uma CPI sobre os fundos de pensão.
Pressão do governo
De acordo com a Folha, os conselheiros eleitos pelos pensionistas dizem que o governo federal pressionou os fundos de pensão a dividir o risco de projetos de infraestrutura e de apostas em setores estratégicos, mas deixou os participantes com o prejuízo quando as empresas naufragaram.
Segundo o jornal, o caso mais ruidoso é o da Sete Brasil, empresa de sondas criada para atender a Petrobras. Com a queda do petróleo e a crise na estatal provocada pela operação Lava Jato, a Sete está desmoronando, levando junto R$ 8,3 bilhões investidos por bancos e fundos de pensão estatais.
Petros, Funcef e Previ, que apostaram no projeto, se sentem abandonados pelo BNDES, que não liberou os financiamentos prometidos. Os três fundos colocaram mais de R$ 3 bilhões na Sete. Funcef (R$ 1,4 bilhão) e Previ (R$ 180 milhões) já deram seus investimentos como perdidos. Já a Petros (R$ 1,5 bilhão) não quis explicar ao jornal se reconheceu o prejuízo ou não.
Segundo a reportagem, os fundos já haviam passado por experiência parecida com a Oi, empresa que, apoiada pelo governo, surgiu para ser a grande operadora nacional de celulares. Após a reestruturação em 2014, quando a Oi se fundiu com a Portugal Telecom, os fundos colocaram cerca de R$ 600 milhões na companhia, mas hoje essa participação perdeu 90% do valor.