Brasília (DF) – Para conter a disparada do dólar, o Banco Central registrou prejuízo de R$ 57 bilhões em 2015 com operações de “swap cambial”, contratos equivalente à venda futura de dólares. Somente em julho, o dólar avançou mais de 10%, chegando a R$ 3,42, resultando em uma perda de R$ 23,9 bilhões. As informações são do Correio Braziliense desta terça-feira (11).
Para o ex-diretor do BC e economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu Gomes de Freitas, a autoridade monetária não deveria fazer as operações de swap porque está aumentando a dívida cambial ao tentar evitar, artificialmente, que o dólar se valorize.
“A taxa de câmbio é para ser flutuante. Mas não é. O BC fez essas operações de swap o ano passado inteiro. Por isso, a moeda está subindo tanto este ano. O BC precisa deixar a taxa subir, porque depois ela vai voltar e se ajustar. Só está disparando por motivos políticos”, explicou.
Segundo ele, as operações de swap não resolvem mais. “O BC foi muito enfático ao afirmar que quer levar a inflação para o centro da meta, de 4,5%, em 2016. E a alta do dólar pressiona a inflação. Por isso, o mercado testa os limites. Mas a taxa de juros está muito alta para o dólar se valorizar tanto. E ainda não há uma fuga de capitais do Brasil. O BC precisa ter sangue-frio”, afirmou.
De acordo com a reportagem, o Banco Central tem hoje reservas de US$ 369 bilhões, mas não utiliza esses recursos para conter a alta do dólar. O gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, explicou a situação.
“O BC aumenta sua exposição cambial ao fazer as rolagens da dívida e também eleva os custos do governo. Porque, para honrar os compromissos, pagando juros pela variação cambial, o BC tira dinheiro do Tesouro Nacional”, completou.