Brasília – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinou, em 2013, um contrato para financiamento de obras de uma barragem para abastecimento de água e energia na República Dominicana, e a operação contou com taxas de juros menores do que as praticadas pelo banco para projetos no Brasil. O financiamento foi possibilitado pelo uso de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
As informações foram divulgadas em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo do domingo (31), e tiveram como base a divulgação, por parte do governo da República Dominicana, de documentos relativos ao financiamento – o governo de Dilma Rousseff mantém o sigilo de parte das operações do BNDES. A construtora responsável pelo projeto é a Andrade Gutierrez.
O deputado federal Vitor Lippi (PSDB-SP) definiu o episódio como “mais uma atitude suspeita” do BNDES. Para o tucano, a gestão do banco tem sido caracterizada, nos últimos tempos, pela falta de transparência de suas operações.
“O BNDES usa dinheiro público para trabalhar. Portanto, um recurso que precisa ser administrado com transparência. E também com impessoalidade. É preciso que haja um tratamento igual a todos os que buscam o banco, algo que não estamos vendo nos dias atuais”, declarou.
Lippi acrescentou que o sigilo dos recursos do BNDES afeta inclusive os órgãos fiscalizadores: “até aqueles que deveriam fiscalizar não têm acesso aos dados”, afirmou, destacando a importância da CPI sobre o banco que está em curso no Congresso Nacional.
Trabalhadores
O uso de recursos do FAT para o financiamento das obras na República Dominicana é citado pela reportagem do Estadão como um componente imprescindível para que a operação tenha ocorrido. Com o dinheiro do fundo, o banco pôde aplicar juros mais baixos, tomando como base a taxa Libor, uma das mais baixas do mercado.
“Vemos aí que o trabalhador acaba pagando a conta dos projetos sigilosos do BNDES”, criticou Vitor Lippi.