
A possibilidade do governo diminuir os preços da gasolina e do diesel para ganhar apoio popular, justamente no momento em que o impeachment da presidente Dilma Rousseff se encontra em fase avançada, fez com que as ações da Bovespa tivessem a maior queda após duas semanas de alta – as ações caíram 9%. A ameaça de redução dos preços também foi duramente criticada pelos próprios membros do Conselho de Administração da Petrobras, que classificaram a queda nas tarifas de “barbaridade”.
As discordâncias dentro da própria estatal fizeram com que o presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine, encaminhasse um e-mail para cada componente do conselho afirmando que ainda não há uma decisão final sobre a redução dos preços e que não deve haver “qualquer tipo de politização do tema”, como revela matéria do jornal O Globo publicada nesta terça-feira (05).
Para o deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ), há evidente interesse político na tentativa de intervenção do governo nas questões referentes à estatal. “Graves prejuízos foram causados pelo governo nas finanças da Petrobrás. Essa tragédia ocorreu não apenas pelo assalto e corrupção que dominaram suas administrações, mas também pela manutenção artificial do preço da gasolina. O momento agora é de recuperação”, afirmou.
O tucano se mostrou preocupado com a dilapidação de um patrimônio que “não é do PT e nem de partido nenhum, e sim dos brasileiros”. Para Leite, a atitude do governo de sempre usar a Petrobras para fazer política de controle da inflação é errada e traz consequências desastrosas para a economia.
“O uso errôneo da empresa gera uma consequência artificial na economia, como uma bomba de efeito retardado. Inevitavelmente ela explodirá mais na frente, daí o caráter demagógico dessa tentativa”, concluiu.
De acordo com economista-chefe da Nova Futura Corretora, Pedro Paulo Silveira, a venda da gasolina e do diesel com preços acima dos cobrados no mercado internacional é importante para recompor o caixa da estatal. “Não é hora de baixar preços, pois a Petrobras está com uma dívida gigantesca e um prejuízo enorme em 2015 para recuperar. A medida seria danosa para o processo de recuperação financeira da Petrobras e não aumentaria suas vendas”, disse.