A barafunda em que o País vai se enterrando se assemelha à impotência de alguém que assiste a um companheiro se enterrar gradativamente na areia movediça e não se atreve à mínima iniciativa de salvamento para não ser arrastado pela vítima desesperada. Em nosso caso, a areia movediça metamorfoseou-se no “poder” político pulverizado da mandatária que ainda preside, irremediavelmente destituída de qualquer confiança e credibilidade na condução dos destinos da Nação.
Catastroficamente, os desajustes da política de governo construíram uma conjuntura de recessão econômica e trazem propostas que só podem aprofundar ainda mais a crise. Como podemos conciliar aumento do desemprego, salários dos que ainda sobrevivem no trabalho reajustados abaixo da inflação, cortes de 50% de salários, lay off evaporando 30% da remuneração, com aumento escandaloso da carga tributária, retorno de CPMF, aumento de ICMS, sobretaxas nas contas de serviços essenciais como energia e água, dificuldade para acesso ao seguro desemprego, ameaças de retirar recursos do “sistema S” (Senai, Sesc, Senat) últimas instâncias de cursos de qualificação profissional, pensões prejudicadas e aposentadorias “tão tão” distantes?
Os ajustes fiscais propostos direcionam mais arrocho sobre os trabalhadores, sobre as empresas, todos não tendo onde mais apertar o cinto. Ao mesmo tempo em que sustenta uma máquina administrativa inchada de apaniguados – mais de 22 mil cargos comissionados – o governo caminhou até a última eleição com um populismo paternalista, emplacando um assistencialismo agressivo para os quais não tinha recursos suficientes, abriu mão de receitas através políticas de renúncia fiscal, diminuiu contribuição para o INSS para vários setores da economia, baixo Imposto sobre Produção Industrial (IPI) para setores que auferem lucros fabulosos, como montadoras e indústrias de eletrodomésticos. Tudo isto aliado aos rombos bilionários que vão sendo apurados de roubalheira nas investigações do mensalão, da lavajato e indicadores de caos ainda maior no BNDES não poderia chegar a outro resultado que não fosse a falência múltipla de todas as ramificações que deveriam nutrir o sistema econômico.
Os desacertos na política econômica-social forma acompanhados de lambanças para a sustentabilidade do governo, que virou as costas para suas principais propostas de campanha para o segundo mandato e no discurso de posse, quando prometeu as reformas política e tributária. O que se viu foram as bocas e expressões de desenhar dos demais poderes da República, ataques frontais contra quaisquer representantes que apontassem erros caracterizados como crimes de responsabilidade, como aconteceu agora quanto ao TCU, do qual foi exigido desqualificar um relator de parecer sobre irregularidades administrativas do governo, que respondeu com uma votação de 8 a zero de apoio aos termos da relatoria.
Bom ou ruim, o destino dos brasileiros está nas mãos do Congresso Nacional. Não há como resolver as questões econômicas e políticas do País sem passar pelo Poder Legislativo, porque efetivamente não há mais governante, não há sustentabilidade, esfumaçou-se o poder que, em última análise, já não se tinha mesmo.
Presidente do PSDB Sindical de Minas Gerais