Brasília (DF) – Em depoimento à Polícia Federal, o delator Milton Pascowitch afirmou que o ex-ministro José Dirceu começou a intermediar negócios na Petrobras por volta de 2003 e 2004, quando ainda estava no comando da Casa Civil do governo Lula. Segundo Pascowitch, o grupo político de Dirceu se aproximou de empresas para estabelecer um “relacionamento comercial” com a Petrobras por meio do então diretor de Serviços, Renato Duque.
Reportagem do jornal O Globo desta terça-feira (25) apontou que, de acordo com o delator, até o escândalo do mensalão, em 2005, o pagamento de propina era feito diretamente ao grupo político de Dirceu. Depois do escândalo, o grupo ligado ao ex-ministro instituiu a figura de operadores que tinham a função de distribuir as propinas aos representantes políticos.
Com base no depoimento de Pascowitch, o Ministério Público Federal (MPF) afirmou que Dirceu, que está preso desde o último dia quatro, instituiu o esquema de corrupção instalado na Petrobras.
Segundo a publicação, quando o ex-ministro teve a prisão decretada na Operação Lava-Jato, o procurador Carlos Fernando Lima disse que a investigação buscava “José Dirceu como o instituidor do esquema Petrobras ainda no tempo da Casa Civil, ainda no tempo do governo do ex-presidente Lula”.
O depoimento de Pascowitch ainda ressaltou que, quando surgiu o mensalão, a área política “se afastou dessas demandas” e instituiu como interlocutor o operador e também delator da Operação Lava-Jato, Júlio Camargo. Era ele o responsável por receber e distribuir a funcionários da Petrobras e políticos valores da Hope, uma das empresas com que Dirceu tinha “relações comerciais”.
Cassação
A Ordem dos Advogados do Brasil cassou ontem (24) a inscrição de advogado de José Dirceu por 78 votos contra dois. A votação aconteceu em sessão secreta e a ampla maioria dos conselheiros entendeu que o ex-ministro não tem idoneidade para continuar advogando.