O desemprego também está batendo na porta dos trabalhadores mais qualificados. De acordo com matéria do jornal O Estado de S.Paulo desta segunda-feira (22), a rápida deterioração do mercado de trabalho começou a mudar com os desdobramentos da Operação Lava Jato e com os sinais de que a crise econômica do governo Dilma veio mais forte do que se esperava.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, mostra que foram fechados 115 mil postos de trabalho com carteira assinada para os brasileiros com ensino superior incompleto ou concluído no ano passado – mais um sinal preocupante da redução da atividade econômica em 2015, que deve continuar este ano. Tanto para 2015 como para 2016, a estimativa de economistas é de que a atividade deve recuar 4% – o pior resultado desde 1901.
Para o senador Ataídes de Oliveira (PSDB-TO), a crise no país se deve, exclusivamente, à política econômica adotada pelo “desastroso governo do PT”. “A crise foi estabelecida por pura incompetência e irresponsabilidade desse governo. O PT joga a culpa em cima da operação Lava Jato, mas ela não tem nada a ver com a crise. A política econômica aplicada foi errada, essa taxa de juros é a grande causadora de toda essa recessão, além da corrupção, elevação da dívida pública interna e externa”, critica o tucano, ressaltando que “a CPMF, se por ventura, porque não acredito, passar no Congresso Nacional, vai ser um desastre total para o país: vamos perder mais empregos, mais empresas e mais receitas do governo”.
O senador disse que o governo maquia os números de desempregados e está acima de 20%. “Provo isso a quem quiser. Fizemos uma audiência com o coordenador de pesquisa do IBGE e também do Ministério do Trabalho e Emprego, e eles relataram que esta metodologia é errática e enganosa. O desemprego no Brasil é acima de 20 milhões e não afetou somente esse trabalhador menos qualificado, vai atingir toda a classe.”
Dois dígitos
De acordo com o Estadão, a retração no saldo de emprego para os mais escolarizados vinha caindo gradativamente nos últimos anos. Para os trabalhadores com ensino médio completo, por exemplo, o saldo de mais de 1 milhão de postos em 2010 e 2011 caiu para 700 mil em 2013, depois para 400 mil em 2014, até chegar a 490 mil vagas no ano passado.
Como, historicamente, o mercado de trabalho é o último a reagir numa retomada da economia, a situação está longe de melhorar e a tendência é de dois dígitos o índice de desemprego ao final deste ano. Pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) – que inclui as regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre –, o índice fechará acima de 10% em 2016. Já na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), que abrange todo o país, a taxa ficará próxima de 13%. Até 2015, os dois índices estavam em 6,9% e 9%, respectivamente.