A desigualdade entre negros e brancos diminuiu, mas ainda existe um abismo entre as rendas, qualidades e expectativas de vida entre as etnias. Isso é o que mostra um relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – o Ipea, em conjunto com a Fundação João Pinheiro e com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, divulgado nesta quarta-feira. Segundo o estudo, um negro no Brasil ganha, em média, a metade da renda de um branco. Quanto à escolaridade dos adultos, 62% da população branca com mais de 18 anos possuía o fundamental completo, ante 47% da população negra. O presidente do Tucanafro de São Paulo, Eloi Estrela, que lidera a militância negra do PSDB na capital paulista, aponta o que ainda é necessário para mudar a situação no país.
“O que tem que se fazer, na verdade, é dar qualidade de vida. O que falta? Em primeiro lugar, o empoderamento de verdade da origem negra. Como? Fazendo com que a lei seja respeitada. Segundo, os cargos públicos de grande escalão não tem negro, não é posto negro. Para mudar, inclusive, tem que começar dessa forma”, declarou.
Entre 2000 e 2010, o IDHM da população negra cresceu, em média, 2,5% ao ano, acumulando alta de 28% no período. Na prática, os negros brasileiros levaram 10 anos para atingir o mesmo IDHM, experimentado pelos brancos no ano 2000. Eloi Estrela ainda destacou o trabalho do Tucanafro em prol da igualdade racial.
“O Tucanafro luta pela desigualdade, mostrando que nós somos iguais. A única coisa que nos difere é a cor da pele. Mas a luta é de todos. O Tucanafro luta contra a marginalização do povo negro e a discriminação do povo negro. Atua na desigualdade para todos. Não é só para negros do PSDB. O Tucanafro luta pelos direitos da população negra em si”, apontou.
Em sete estados mais o Distrito Federal, os negros tinham desenvolvimento humano considerado alto, sendo o Mato Grosso do Sul estado que teve maior redução na desigualdade entre brancos e negros entre 2000 e 2010. O IDHM brasileiro considera as mesmas três dimensões do IDH global, que são longevidade, educação e renda. o relatório analisa a influência de etnia, gênero e situação de domicílio no IDHM do país.