Ao tomar posse nesta quarta-feira (18) no Ministério das Relações Exteriores, o chanceler José Serra (PSDB) apresentou seu compromisso de conduzir o Itamaraty sem qualquer viés ideológico ou partidário. Em discurso na cerimônia de posse, Serra disse que a política externa brasileira será regida pelos “valores do Estado e do governo”, sem atender a interesses de um partido político.
“A diplomacia voltará a refletir de modo transparente, e intransigente, os legítimos valores da sociedade brasileira e os interesses da sua economia a serviço do Brasil como um todo, e não mais das conveniências e preferências ideológicas de um partido político e de seus aliados no exterior”, afirmou.
Apesar de não mencionar o PT em seu discurso, o Itamaraty vinha adotando uma postura diplomática favorável a países com práticas ditatoriais, como Venezuela, Bolívia e Cuba – alinhados ideologicamente com os governos de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva. Serra disse que, daqui para frente, o Brasil não vai privilegiar o viés ideológico em suas negociações internacionais. “A nossa política externa será regida pelos valores do Estado e da nação, não do governo. E jamais de um partido.”
Serra também disse que o Itamaraty estará atendo à defesa da democracia, das liberdades e dos direitos humanos em qualquer país do mundo, independentemente de seu regime político.
Ao assumir o cargo, o chanceler apresentou as dez diretrizes que irão direcionar os novos rumos da política externa brasileira. Entre os principais pontos, estão o fortalecimento de parcerias bilaterais com Argentina, por semelhanças políticas e econômicas, e a intensificação das relações com países asiáticos, como China e Índia. Serra ainda destacou que a nova política externa do país não romperá com as boas tradições do Itamaraty e da diplomacia brasileira.
Rombo
O ministro ressaltou que irá mobilizar um trabalho em conjunto com ministérios, como Defesa, Planejamento e Fazenda para reverter a atual situação de crise do Itamaraty – que tem um rombo nas suas contas estimado em R$ 800 milhões, herdado após 13 anos do PT no comando do país.
“Quero retirar o Itamaraty gradativamente da penúria de recursos em que foi deixado pela irresponsabilidade fiscal que dominou a economia brasileira nesta década. Esses são os compromissos que apresento hoje e este é o convite que faço a todos os servidores desta Casa, a fim de que façamos um esforço comum para valorizar o Itamaraty e pelo êxito de um governo que enfrentará, como todos sabemos, desafios imensos. Mas que criará as condições para a reconstrução do sistema político, o fortalecimento da representatividade da nossa democracia e a volta do crescimento da produção e do emprego.”
Serra ressaltou que a pasta também irá atuar em temas como meio ambiente, direitos humanos e proteção do território brasileiro no combate ao contrabando de armas e mercadorias e o tráfico de drogas. O chanceler afirmou que irá batalhar para reduzir o chamado “custo Brasil” que, de acordo com ele, impõe acréscimo de 25% em mercadorias e produtos com os custos de tributação do país.