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Em entrevista coletiva, Aécio Neves defende abertura de CPI da Petrobras

aeciocoletiva2003-300x199Brasília (DF) – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva nesta quinta-feira (20), após reunião com a Juventude do PSDB. Aécio respondeu a perguntas sobre as denúncias relacionadas à compra da refinaria de Pasadena e investigação do Conselho Administrativo do Direito Econômico (Cade).  Na entrevista, Aécio afirmou que as oposições estão se articulando para instalar a CPI da Petrobras para investigar a compra da refinaria de Pasadena, uma operação que gerou prejuízo de bilhões de reais e que foi aprovada pela presidente Dilma Rousseff quando comandava o Conselho Administrativo da estatal.

A seguir, a entrevista.

Sobre a responsabilidade da presidente Dilma na compra da refinaria de Pasadena

O Brasil precisa que se esclareça quais foram as razões pelas quais a presidente da República, especialista na área da Minas e Energia, tomou uma decisão tão danosa para as finanças da Petrobras e para o próprio país. E o que é mais grave, se houve um encaminhamento equivocado por parte da diretoria internacional, como atesta a nota da presidente da República, o esperado é que aquele que fez esse encaminhamento ou fosse demitido ou fosse investigado. Mas ele foi promovido, no governo da própria presidente Dilma Rousseff, e ocupa a diretoria na BR Distribuidora. Isso é inaceitável.

Esse ‘modus operandi’ do PT não é mais aceito pela sociedade brasileira. Depois o governo se pergunta: por que as pessoas estão na rua? Por que essas manifestações? É porque as pessoas estão cansadas dessa ausência de respostas.

Eu vi hoje que o responsável, segundo o PT, por esse encaminhamento está de férias na Europa.

Nós vamos, na próxima terça-feira, nos reunir à oposição no Congresso Nacional e construir um grande esforço para que nós possamos ter a CPI da Petrobras. Talvez, em todo esse momento mais recente da vida política brasileira, não tenha havido uma denúncia tão grave e de tantas consequências para o Brasil como essa. Portanto, nós vamos nos reunir na próxima terça-feira, vamos apresentar um requerimento de CPI e vamos examinar, quem sabe, uma CPI mista.

E aqueles da base do governo que dizem querer investigar essa questão, que já nos ajudaram a aprovar a comissão externa para investigar outras denúncias envolvendo a própria Petrobras, no pagamento de propina por parte de uma empresa holandesa, nós esperamos que possam nos ajudar para que essa questão seja esclarecida.

E assim a própria presidente da República tenha oportunidade de explicar as razões pelas quais ela tomou essa decisão e mais do que isso: as razões pelas quais omitiu dos brasileiros, nos últimos seis anos, ter tomado a decisão que tomou.

Sobre a informação publicada pela imprensa de que a presidente teve acesso à ampla documentação, ao contrário do que ela está dizendo.

Na verdade, a versão que ela apresentou é absolutamente contraditória ao que disse, no Congresso Nacional, o então presidente da Petrobras, (Sérgio) Gabrielli. Ele disse o contrário, que tomou a medida pensada, estudada, porque, segundo ele, também não é justificável. Mas, segundo ele, naquele momento a conjuntura de mercado orientava para os benefícios daquela ação. A presidente contradiz a diretoria anterior da Petrobras. E é preciso que o Brasil saiba a verdade. Se houve um encaminhamento do qual ela não teve conhecimento, e se isso foi feito por má fé.

O encaminhamento tinha que ser a punição exemplar de quem fez isso, a prisão, o processo, e, eventualmente comprovada, a prisão de quem fez isso. Se esse encaminhamento foi por negligência, segundo ela, que não trouxe o conjunto dos dados, no mínimo ele teria que ser afastado da vida pública.

Há algo que precisa ser esclarecido: o cidadão que é acusado pela nota de presidência da República de ter sido responsável por levá-la a um equívoco, foi promovido nesse governo. Que força tem esse cidadão? Quem o protege? Essas são questões que nós precisamos esclarecer.

Por isso, as oposições vão se esforçar e, obviamente, nós somos minoria no Congresso, mas acreditamos que uma parcela importante da base possa se unir nesse esforço para que a presidência da República tenha a oportunidade de se esclarecer.

Não dá, novamente, para fazer aquilo que se tornou um mantra em todas as denúncias que ocorrem em relação ao PT. Terceirizar responsabilidades. “Não, eu não sabia”. Aliás, de “não sabia” em “não sabia”, o Brasil chegou onde chegou.

Sobre uma eventual  ida de Dilma ao Congresso para se explicar 

Olha, eu acho que nós não estamos ainda nessa etapa. Eu não acuso a presidente de improbidade. A presidente é uma pessoa de bem. Eu acredito na honestidade da presidente. O que está em xeque neste instante é a incapacidade, é a incompetência de alguém com as responsabilidades que tem e ter tomado uma decisão dessa gravidade. É preciso, no limite, que se assuma o erro. Mas nem isso o governo consegue fazer.

O que nós não vamos aceitar é a terceirização de responsabilidade. Ou a versão do presidente da Petrobras, Gabrielli, é a correta, e tomar uma decisão sabendo o que estavam fazendo, ou é a versão da presidente da República. O PT tem que escolher entre uma e outra, e o Brasil tem que dizer se está satisfeito com uma ou com outra.

Sobre a decisão do Cade de abrir um processo administrativo para apurar as supostas irregularidades nas estações dos trens e metrôs de cinco estados

Que todas as investigações ocorram. O que nos causou imensa surpresa é que durante todo esse período, mesmo com essas denúncias de formação de cartel envolvendo obras conduzidas pelo governo federal, como é o caso agora. Essas obras estão sendo investigadas em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul e em outros estados. São obras conduzidas pela CBTU  e houve por parte do CADE a escolha, a priorização, de denúncias em relação a São Paulo.

Tem que se investigar tudo. Vou repetir isso como presidente nacional do PSDB, se houver, até agora não se comprovou isso, um agente político que de alguma forma tenha se envolvido em irregularidades ele tem que ser punido exemplarmente.

Eu não sou do PT, eu não sou presidente do PT, que passa a mão em pessoas que cometeram irregularidades, mas é preciso que se apure e que se comprove se houve ou não esse envolvimento.

Agora, investigar apenas os adversários não é um papel de uma instituição como o CADE de tanta responsabilidade, de tanta credibilidade, possa fazer pelo menos agora. Depois de um longo atraso começa a investigar as denúncias que vieram em um mesmo momento.

Portanto, se houve cartel, se foi formado por empresas e prejudicaram o estado ou governo federal, eles têm que reagir, como reagiu o governador Geraldo Alckmin buscando ressarcimento de eventuais danos. Nós estamos assistindo, acompanhando a evolução dos casos, vendo que havia um conluio realmente de empresas, não apenas para buscar benefícios no governo de um estado governado pelo PSDB, mas também na União. Veja de quem é a responsabilidade, é das empresas? É de funcionários públicos? É de agentes políticos? Não importa quem seja, todos têm que ser punidos se comprovados as irregularidades.

 

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